Buraco negro colossal acorda após ‘descanso’ de décadas e alerta cientistas

Recentemente, um buraco negro supermassivo localizado no centro da galáxia SDSS13350728, a cerca de 300 milhões de anos-luz da Terra, voltou a chamar a atenção dos astrônomos. Após décadas de inatividade, este buraco negro, apelidado de Ansky, começou a emitir intensos flashes de raios-X, sinalizando um retorno à atividade. Este fenômeno foi relatado em um artigo publicado na revista Nature Astronomy nessa sexta-feira (11/4), destacando a importância de tais eventos para a compreensão dos buracos negros.

Os buracos negros, muitas vezes, passam longos períodos em um estado de “hibernação”, onde não atraem matéria suficiente para emitir radiação visível. No entanto, quando começam a acumular gás e poeira, liberam energia em forma de radiação, tornando-se visíveis. Este é o caso de Ansky, que permaneceu invisível por décadas até que, em 2019, sua galáxia anfitriã começou a brilhar inesperadamente.

O que são as erupções quasiperiódicas?

Em 2024, cientistas detectaram explosões periódicas de raios-X vindas de Ansky, conhecidas como erupções quasiperiódicas (QPEs). Estas explosões são eventos raros e intensos, ainda pouco compreendidos pela ciência. As QPEs são caracterizadas por breves explosões de raios-X que surgem e desaparecem em questão de horas ou dias, sendo observadas pela primeira vez em 2019.

Essas erupções são consideradas uma oportunidade única para os astrônomos, pois cada rajada de Ansky libera até cem vezes mais energia do que as observadas em outros buracos negros com QPEs. O padrão de explosões em Ansky, com uma cadência de 4,5 dias entre cada evento, é o mais longo já registrado, desafiando os modelos atuais que tentam explicar esses fenômenos.

Buraco negro – Créditos: depositphotos.com / DMegias

Qual o impacto do buraco negro?

Uma das hipóteses para explicar as QPEs envolve a interação de objetos menores com o disco de acreção ao redor do buraco negro. Este disco é composto por gás, poeira ou restos de estrelas que foram puxados pela gravidade extrema do buraco negro. No caso de Ansky, acredita-se que um pequeno objeto, como um planeta ou estrela anã, possa estar cruzando repetidamente o disco, provocando as explosões de raios-X.

Além disso, há a possibilidade de que esses eventos estejam relacionados à emissão de ondas gravitacionais. Estas ondas são distorções no tecido do espaço-tempo, causadas por eventos extremamente violentos, como colisões de buracos negros. A futura missão “Antena Espacial por Interferômetro Laser” (LISA), da Agência Espacial Europeia, poderá detectar essas ondas e talvez identificar uma conexão com fenômenos como os de Ansky.

O impacto da observação de Ansky é significativo para a astronomia e a física de buracos negros:

  • Oportunidade única de estudo em tempo real: Este evento raro permite que os cientistas monitorem o comportamento de um buraco negro massivo durante sua fase de ativação, algo inédito.
  • Desafio aos modelos existentes: A alta cadência e a energia das erupções de Ansky desafiam os modelos teóricos atuais sobre como esses flashes de raios X são gerados em buracos negros supermassivos.
  • Entendimento da evolução de galáxias: O estudo de buracos negros ativos como Ansky pode fornecer novos insights sobre a física desses objetos cósmicos e seu papel na evolução das galáxias.
  • Complementação a futuras missões: As observações de raios X de Ansky são cruciais para complementar os dados de ondas gravitacionais que serão coletados por futuras missões como a LISA da ESA, ajudando a resolver o comportamento intrigante de buracos negros massivos.
  • Possível formação de disco de acreção: Uma das hipóteses para o “despertar” de Ansky é a formação de um disco de acreção, um anel de gás e poeira que gira em torno do buraco negro e é aquecido a temperaturas extremas, emitindo raios X. O estudo de Ansky pode fornecer detalhes sobre como esses discos se formam e evoluem.

Qual o futuro das observações?

Observar Ansky em tempo real oferece uma chance de ouro para os astrônomos entenderem melhor a evolução dos buracos negros e as forças envolvidas nos eventos mais energéticos do Universo. As descobertas feitas a partir dessas observações podem ajudar a esclarecer muitos mistérios sobre o comportamento dos buracos negros e sua interação com o ambiente ao redor.

Embora ainda existam mais perguntas do que respostas, o estudo de Ansky está proporcionando novas peças para o quebra-cabeça cósmico. A esperança é que, com o avanço das tecnologias de observação e a realização de novas missões espaciais, como a LISA, seja possível desvendar mais segredos sobre esses fascinantes fenômenos do Universo.

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