Opinião: “a polarização no Brasil começa a perder força”

Pesquisa do Instituto Quaest divulgada ontem mostra que a polarização política está perdendo força entre os brasileiros. O estudo conclui que 33% dos entrevistados não se consideram apoiadores nem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou do ex-presidente Jair Bolsonaro. A enquete também demonstra que os grupos mais polarizados representam uma minoria no país. Somente 19% se consideram lulistas e 12% bolsonaristas. Há, porém, grupos intermediários entre os extremos e os, digamos, de centro. São 12% os que se enxergam à esquerda, mas sem vínculos com o lulismo; e 21% que se definem como “mais à direita”, mas não fazem parte do bolsonarismo (3% não responderam às perguntas da Quaest ou não souberam responder).

Na prática, temos um terço de eleitores independentes, 31% comprometidos com a esquerda e 33% com a direita. Ou seja, o país está dividido em três nacos, sendo que a decisão está na mão daqueles que estão no meio e querem outras opções além de Lula e de Bolsonaro.

Essa tendência pôde ser observada na última eleição municipal, quando os extremos acabaram sendo derrotados por uma candidatura que se posicionava mais ao centro, a do prefeito Ricardo Nunes. Mas o Instituto Quaest colocou em perspectiva nova a insatisfação dos brasileiros em relação à falta de opções que fujam da dupla que hoje lidera as enquetes eleitorais,

Essa divisão de forças consolida a disputa entre Lula e Bolsonaro como um duelo de rejeições. Afinal, se somarmos os eleitores independentes com aqueles esquerdistas e direitistas que não se identificam com o presidente e o ex-presidente, chegamos a um total impressionante: 66%. Outro estudo feito pelo Instituto Quaest no início do mês reforça essa tese: o resultado apresentou um empate negativo entre os principais rivais políticos do Brasil: tanto Lula como Bolsonaro têm 55% de rejeição entre os eleitores.

Rejeição, no entanto, não quer dizer ojeriza total. Muitos daqueles que rejeitam Lula ou Bolsonaro votariam neles para evitar uma vitória do lado oposto ao seu credo ideológico. Assim, um eleitor de direita, mesmo sem gostar de Bolsonaro, votaria nele para evitar a vitória de Lula ou de outro representante da esquerda. Esta já é a realidade do Brasil há muito tempo: um grupo razoável de eleitores acaba votando naquele candidato que julga ser o menos ruim de todos.

Como resolver esse problema?

O primeiro passo é termos uma renovação consistente de nomes entre os principais proponentes à presidência. Enquanto ficarmos presos em um duelo entre Lula e Bolsonaro, dificilmente avançaremos em direção a uma maturidade política.

Além disso, é preciso atrair nomes de consistência para o mundo político para promover o início de uma renovação. Mas, por enquanto, somente influenciadores, artistas e apresentadores de TV se prontificaram a ingressa na vida pública e tentar disputar votos.

Está na hora de trazermos gente com verdadeira capacidade de gestão e sensibilidade social para as eleições. Há nomes interessantes entre os governadores brasileiros, é verdade, mas precisamos nos preparar também para os pleitos de 2034, 2038 e 2042.

Para chegarmos lá com opções de peso e de qualidade, temos de trazer gente séria para o tabuleiro político agora e apostar em uma transição que dispense populistas ou celebridades messiânicas. O Brasil tem pressa em se renovar e está cansado das mesmices e dos radicalismos.

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