Cientistas acham grupo de bactérias que come toxinas no solo profundo

Pesquisadores identificaram um novo grupo de bactérias, chamado CSP1-3, que domina ecossistemas subterrâneos a até 22 metros de profundidade. As formas de vida ativas em um subsolo tão profundo eram desconhecidas da ciência.

O estudo identificou os microrganismos em solos dos Estados Unidos e da China, o que leva a crer que sua presença é difundida pela Terra. Os pesquisadores apontam que as CSP1-3 representam até metade das comunidades microbianas nas camadas mais profundas do subsolo.

Segundo o microbiologista James Tiedje, da Universidade Estadual de Michigan, nos Estados Unidos, que liderou o estudo, os organismos representam uma parte significativa da Terra relativamente inexplorada, já que sua atividade é extremamente lenta e acreditava-se que estivessem adormecidos.

“A maioria das pessoas pensa que micróbios em solos profundos estão dormentes, mas os levantamentos de DNA que fizemos mostram que estão ativos e crescendo lentamente. Como o solo profundo é um ambiente muito diferente, esse grupo evoluiu ao longo de um longo período de tempo para se adaptar a ao ambiente de solo empobrecido”, afirma.

Alimentando-se de gases

A descoberta revela adaptações únicas a ambientes pobres em nutrientes. Assim como bactérias das camadas mais superficiais (até 30 centímetros), as CSP1-3 possuem a capacidade de metabolizar o monóxido de carbono (CO), mas além disso parecem ser capazes também de se alimentar de partículas de hidrogênio.

Elas também podem conseguir processar nitrogênio e enxofre. Para os autores, a capacidade de metabolizar os gases para obter energia “pode ​​conferir uma grande vantagem seletiva” em solos pobres, além de desintoxicar o solo.

Ao processar substâncias potencialmente tóxicas como o enxofre, os pesquisadores acreditam que as bactérias também se tornaram uma espécie de escudo para proteger os lençóis freáticos da contaminação.

De onde vem as bactérias?

Análises genéticas indicam que ancestrais do CSP1-3 viviam em fontes termais de água doce há milhões de anos. Com o tempo, eles migraram para solos superficiais e depois para camadas profundas, onde se tornaram dominantes. A transição exigiu expansão genômica e novas vias metabólicas.

Como as bactérias parecem funcionar como um filtro global de água, os pesquisadores estão tentando reproduzir os grupos do filo CSP1-3 em laboratório. O desafio é replicar condições extremas, como altas temperaturas – herança de seus ancestrais aquáticos. Se bem-sucedidos, os cientistas poderão explorar suas aplicações biotecnológicas.

Tiedje acredita que o CSP1-3 pode ajudar a resolver problemas ambientais. “Sua bioquímica única pode conter genes valiosos para metabolizar poluentes difíceis”, conclui.

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