Superprodução Chinesa e Nova Rota da Seda: Riscos e Oportunidades para o Brasil

No programa BM&C News de hoje (22), Roberto Dumas, mestre em economia, falou sobre a superprodução chinesa e suas implicações globais, além de explorar os potenciais riscos associados à adesão do Brasil à iniciativa “Nova Rota da Seda”.

Dumas destacou a complexidade do atual cenário econômico chinês e os impactos que ele pode ter tanto no mercado global quanto na economia brasileira.

Dumas iniciou a discussão abordando a transição da China de uma economia predominantemente focada em investimentos para uma centrada em consumo e serviços.

Segundo o mestre em economia, essa transição não foi plenamente bem-sucedida, resultando em uma superprodução significativa de bens como aço, painéis solares e carros elétricos. Esse excesso de produção é exportado para o mercado global, gerando uma queda nos preços e intensificando o protecionismo em diversos países.

“A China produz demais e exporta o excedente, o que, embora possa sustentar o crescimento econômico no curto prazo, não é sustentável a longo prazo”, alertou Dumas.

Ele enfatizou que essa estratégia chinesa está criando fricções comerciais em todo o mundo, especialmente em setores como o de aço e automotivo, e pode resultar em um aumento da inflação global devido às tarifas impostas por outros países.

Outro ponto importante da discussão de Dumas foi a discussão sobre a “Nova Rota da Seda”, uma iniciativa global liderada pela China para expandir suas redes de infraestrutura e comércio. O Brasil, segundo o economista, deve avaliar com cautela a adesão a essa iniciativa, especialmente em termos de financiamento e riscos cambiais.

Dumas explicou que muitos dos investimentos chineses no Brasil podem vir em dólares, enquanto a receita de projetos de infraestrutura é predominantemente em reais. Esse descasamento cambial pode comprometer a viabilidade financeira de projetos a longo prazo. “É essencial que o financiamento seja feito na mesma moeda da receita do projeto para evitar riscos que possam inviabilizar os investimentos”, destacou.

Além disso, Dumas levantou questões sobre o uso de mão de obra chinesa em projetos financiados pela “Nova Rota da Seda” e a necessidade de cumprimento das rigorosas normas ambientais brasileiras, o que pode adicionar uma camada extra de complexidade a esses projetos.

Para Roberto Dumas, embora a parceria com a China seja potencialmente benéfica para o Brasil, é crucial que o país avalie cuidadosamente os detalhes dos acordos, especialmente os riscos cambiais e a sustentabilidade dos projetos de longo prazo. “O diabo está nos detalhes”, alertou.

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