COPOM divulga ata e sinaliza cautela na Política Monetária, aponta especialista

Nesta terça-feira (25), o Banco Central divulgou ao mercado a ata da última reunião do comitê de Política Monetária (Copom), realizada nos dias 18 e 19 de junho. Nela, o Banco Central optou por manter a taxa Selic em 10,50% ao ano. A decisão, tomada de forma unânime pelos nove diretores do Banco Central, foi detalhada na ata da 263ª reunião, divulgada recentemente.

O especialista em economia Étore Sanchez compartilhou com o portal da BM&C News suas análises sobre a ata. Segundo Sanchez, o documento buscou “amenizar os ânimos” sem oferecer grandes diretrizes para o futuro ou mostrar divergências significativas entre os membros do comitê. “A ata manteve-se neutra em relação ao comunicado anterior, com uma descrição bastante resumida sobre o debate da política monetária,” explicou.

Um ponto de destaque na discussão foi o “trecho B” da ata, focado em cenários e análises de riscos. Este segmento justifica a pausa no ciclo de cortes da taxa básica de juros, adotando uma postura mais “hawkish” (favorável à manutenção ou aumento dos juros para conter a inflação) em vez de “dovish” (favorável à redução dos juros).

Sanchez apontou ainda que o Banco Central considera o hiato do produto mais apertado e próximo à neutralidade, além de uma leve elevação do juro neutro para 4,75%. “Isso indica uma postura mais conservadora por parte do Banco Central, o que pode sinalizar uma política monetária mais rígida no futuro,” destacou o economista.

O especialista prevê que a Selic deve permanecer estável em 2024, com possibilidade de novos cortes apenas em 2025, levando a taxa para 9,25%. Entretanto, ele ressalta que, dado o contexto atual da economia brasileira e o que está sendo precificado pelo mercado, uma condução mais austera poderia ser necessária.

“Estamos diante de um juro neutro que deveria estar mais alto e de um hiato do produto mais apertado do que o considerado pelo Banco Central, o que sugere pressões inflacionárias maiores do que as previstas nas projeções oficiais,” concluiu Sanchez.

A próxima reunião do Copom está agendada para agosto, e o mercado já começa a ajustar suas expectativas baseando-se nas sinalizações dadas pelo Banco Central nesta última ata.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.