A primeira semana de julho foi intensa. Picos no dólar, volatilidade na bolsa e juros longos sentindo toda a pressão das incertezas domésticas. O presidente Lula não se furtou de comentários duros. Num primeiro momento fez declarações que estressaram o mercado. O dólar chegou a R$ 5,70. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, entrou em cena: “O ministro da Fazenda precisa fazer o que tem feito de melhor, ser o mediador entre governo, mercado financeiro e Congresso. Haddad tem a confiança de Lula e sabe da importância da mediação neste momento delicado”, comenta o analista político Anderson Nunes.
Pesquisas norteiam críticas de Lula
O que explica a insistência de Lula nos ataques ao BC são pesquisas internas que sinalizam apoio da população às críticas aos juros altos e a Campos Neto. O levantamento mais recente que passou pela mesa do presidente da República indicou que mais de 60% dos brasileiros concordam com os ataques do petista ao Banco Central. O número reforçou a crença do presidente de que precisa bater no BC para ajudar a recuperar os índices de popularidade e ajudar o PT a ganhar terreno nas eleições municipais.
Lula só recuou com apelos do ministro da Fazenda, numa reunião do núcleo econômico do governo. O resultado foi o esperado. O presidente mudou completamente o tom: fez discurso enaltecendo o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal. Veja aqui. Haddad convenceu o chefe de que as críticas ao Banco Central, embora encontre simpatia no eleitorado, poderiam elevar a inflação. “Lula fala para o eleitor dele, que num primeiro momento fica satisfeito. porem no futuro podemos ter como consequência os preços mais altos que também vai afetar todos os brasileiros, principalmente os mais pobres”, alerta Mário Goulart, analista CNPI e criador do canal do Analisto.
Após a defesa da responsabilidade fiscal por Lula na última quarta-feira, o dólar registrou uma forte queda e fechou o dia em R$ 5,57, um sinal de que a fala acalmou, em parte, os ânimos do mercado. O futuro depende das próximas ações. “Após as comunicações do governo e voto de confiança do mercado, agora o governo precisará agir e mostrar as realizações”, conclui Anderson Nunes.