Opinião: “Bolsa no Rio de Janeiro pode trazer concorrência saudável”

Certamente você já deve ter assistido ao vídeo do @eduardopaes sobre a criação de uma nova bolsa de valores no Rio de Janeiro. Observei algumas críticas e, mais uma vez, um sentimento de mediocridade em relação às propostas que visam a evolução, tecnologia, desenvolvimento e eficiência. Criticar sob o prisma da liquidez é infrutífero. Se não ultrapassarmos essa barreira, não haverá qualquer outra oportunidade de negócio e, consequentemente, não haverá liquidez. Deixemos acontecer e o mercado se ajustará.

A criação de uma nova bolsa representa uma oportunidade ímpar para quebrar monopólios e promover maior eficiência, o que certamente atrairá mais investimentos e amadurecimento do capital. Frequentemente ouvimos que o mercado americano nos mostra o jornal de amanhã no Brasil. A criação de uma nova bolsa permitirá qualificar o capital e direcionar o fluxo de negociação, à semelhança do que já ocorre na Argentina, onde há duas bolsas, uma focada no mercado de ações e outra exclusivamente para grãos.

Essa iniciativa mitigará riscos. O Brasil caminha para, em algum momento no tempo, seja quando for, recuperar o grau de investimento e atrair capital que talvez nunca tenha vindo para o país. Uma nova bolsa é uma forma de oferecer alternativas de investimentos, plataformas e mitigar problemas de execução que hoje são centralizados em uma única bolsa.

O custo de capital no Brasil é historicamente elevado. Ter uma ou várias bolsas é o melhor mecanismo conhecido até o momento para que as empresas se financiem com menores custos e maior acesso, além de ser mais eficiente para as empresas listadas. Será uma forma de conectar a poupança, hoje concentrada nos grandes bancos, à economia real. Vejo isso como uma maneira de destravar e catalisar a engrenagem de nossa economia, atualmente tão burocrática e fechada.

A criação de uma segunda bolsa no Brasil é uma oportunidade para o nosso capital amadurecer ao longo do tempo, valorizar nossa moeda e fortalecer nosso sistema – vide o sistema bancário, tão elogiado pelos estrangeiros. Nos países desenvolvidos, mais da metade da população investe em ações para o longo prazo, como forma mais barata e eficiente de garantir a aposentadoria. Por que não nos dar essa chance também?

Como descrito por William Bernstein em “Uma Breve História da Riqueza”, “a existência de múltiplos mercados financeiros é essencial para o desenvolvimento econômico, pois promove a competitividade, a eficiência e a inovação, facilitando o amadurecimento do capital e, por extensão, da sociedade”. Se o mercado já possui uma “grande voz” com uma única bolsa, imagine com duas?

Sou favorável à evolução, sem dúvida! Trata-se de uma maratona e não de uma prova de 100 metros rasos. A ideia faz sentido e é extremamente bem-vinda.

O artigo é escrito por Raphael Figueredo, CEO da Eleven Financial Research

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