Como as companhias brasileiras se comportaram na bolsa no 1S24?

Como CFO & COO da MZ, tive a oportunidade de conduzir uma análise abrangente da performance de mercado de 345 empresas brasileiras durante o primeiro semestre de 2024. Este período foi marcado por significativas flutuações nos preços das ações, refletindo tanto desafios quanto oportunidades dentro do cenário econômico atual.

Panorama geral

Performance de mercado: como as companhias brasileiras se comportaram na bolsa no 1o semestre de 2024 (1S24)
Foto: FreePik

Avaliando as empresas brasileiras de capital aberto,, 5% delas são negociadas na NYSE ou Nasdaq e 95% são negociadas na B3; Dentre essas, mais de 60% das empresas estão no Novo Mercado, indicando um compromisso robusto com melhores práticas de governança corporativa.

Diversidade setorial e variações de preço

Os setores econômicos revelaram performances diversas, como destaques positivos e negativos podemos ver:

  • Papel & Celulose e Seguros: Valorização expressiva de 66,7%.
  • Aluguel de Veículos & Máquinas e Educação: Desvalorizações significativas de 100%.

Análise de tendências e decisões de investimento

A análise detalhada desses dados não apenas oferece uma visão clara da saúde financeira das empresas, mas também fornece insights valiosos para tomadas de decisão de investimento. Por exemplo, apenas 28,4% das ações apresentaram variações positivas, destacando a importância de uma abordagem criteriosa na seleção de investimentos. Além disso, o fato de que 3,3% das ações valorizaram mais de 50,1% evidencia oportunidades potenciais para retornos significativos em meio à volatilidade do mercado.

Mas afinal, o que tem influenciado essa baixa performance das ações

Na minha opinião, vários fatores contribuíram para o baixo número de ações com desempenho positivo (apenas 28,4%) no primeiro semestre de 2024. Primeiramente, a instabilidade econômica global continua a impactar os mercados financeiros. A inflação elevada, políticas monetárias restritivas e incertezas políticas, tanto no Brasil quanto no exterior, criaram um ambiente de aversão ao risco entre os investidores.

Além disso, a recuperação econômica desigual após a pandemia ainda afeta diversos setores. Alguns setores, como Papel & Celulose e Seguros, conseguiram se beneficiar de demandas específicas e adaptabilidades às novas realidades de mercado, enquanto outros, como Aluguel de Veículos & Máquinas e Educação, enfrentaram dificuldades para se recuperar, refletindo uma demanda ainda enfraquecida e desafios operacionais persistentes.

A performance negativa do Ibovespa (-7,7%), do SMLL (-14,9%), do ISE (-10,1%) e do IBRX-100 (-7,2%) no 1S24 também sugere uma tendência geral de desvalorização no mercado brasileiro, que pode ser atribuída a uma combinação de fatores macroeconômicos adversos e uma percepção de risco aumentada em relação aos ativos brasileiros.

A Importância da comunicação nas Relações com Investidores em momentos voláteis

Diante desse cenário apresentado, nunca é demais lembrar: em tempos de queda e instabilidade, a comunicação eficaz com os investidores se torna ainda mais importante. Transparência e clareza nas mensagens ajudam a manter a confiança de todos os stakeholders, proporcionando uma visão realista das ações e estratégias da empresa para enfrentar os desafios. Informações precisas e tempestivas podem diminuir os efeitos negativos das flutuações do mercado, fortalecendo as relações e promovendo um senso de segurança e confiança, mesmo em momentos de incerteza.

Mas as empresas estão trabalhando de fato essa comunicação?

De acordo com estudos semestrais realizados pela MZ, que analisaram as publicações no LinkedIn de empresas de capital aberto durante os períodos de divulgação, podemos afirmar que sim.  Cada vez mais, as companhias estão se preocupando e cuidando da sua comunicação na área de RI. Acompanhe uma análise geral de como tem sido essas publicações e comunicações com o público, tendo como base o 1T24:

  • 43,3% das 314 empresas analisadas divulgaram seus resultados no LinkedIn;
  • Entre essas postagens, 56,1% focaram nos destaques financeiros e operacionais;
  • O formato mais popular foi Texto + Carrossel, adotado por 35,5% das empresas, com uma média de 10 linhas por texto-legenda; 
  • Quanto aos vídeos, 55% foram em formato de animação, e 31,6% dos vídeos tinham CEOs como apresentadores, indicando uma preferência por vídeos curtos, com o mais longo ultrapassando os 5 minutos de duração.

Perspectivas futuras

À medida que navegamos pelo segundo semestre de 2024, é extremamente importante estar atento às dinâmicas do mercado e às tendências emergentes. Setores resilientes como Papel & Celulose podem continuar a oferecer oportunidades de crescimento, enquanto aqueles enfrentando desafios, como Aluguel de Veículos & Máquinas, podem requerer uma abordagem mais cautelosa. Entretanto, infelizmente, acredito que não tenhamos resultados tão diferentes desses apresentados até agora, ao final deste ano. Vamos acompanhar!

Conclusão

Em suma, podemos dizer que a análise da performance de mercado não apenas informa decisões de investimento, mas também proporciona uma compreensão mais profunda das dinâmicas econômicas e setoriais em jogo. Essa visão detalhada é essencial para qualquer investidor ou gestor de fundo que busca maximizar retornos e mitigar riscos em um ambiente econômico dinâmico como o atual. A comunicação eficaz, especialmente em tempos de volatilidade, continua sendo uma ferramenta poderosa para fortalecer relações e promover a confiança entre investidores e empresas.

Para conferir o estudo completo, com dados exclusivos, basta acessar o Portal MZ. 

*Cássio Rufino é CFO & COO da MZ, empresa líder em soluções para relações com investidores. Graduado em Administração de Empresas pelo Mackenzie, possui pós-graduação em Finanças Corporativas pelo Insper e MBA Executivo em Finanças pela mesma instituição. É especialista em comunicação financeira e criador do método dos 3Cs, que já ajudou dezenas de RIs a gerar mais valor e aumento de liquidez para suas companhias.

*As opiniões transmitidas pelos nossos colunistas são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, a opinião da BM&C News.

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