Uma nova pesquisa revelou um dado alarmante: 8 a cada 10 adolescentes brasileiros estão expostos a dois ou mais fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como obesidade, diabetes, problemas cardíacos e até câncer. O estudo, conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), foi publicado na revista científica BMC Pediatrics.
A análise se baseou em dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), um inquérito coordenado pelo Ministério da Saúde em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Foram avaliadas informações de 121.580 jovens de 13 a 17 anos.

Quais são os principais fatores de risco?
A pesquisa identificou os seguintes fatores de risco mais comuns:
- Falta de atividade física: A vida sedentária, cada vez mais comum entre os jovens, é um dos principais vilões.
- Alimentação inadequada: O consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar, gordura e sódio,e a falta de frutas, legumes e verduras contribuem para o problema.
- Sedentarismo: O tempo excessivo em frente às telas, seja assistindo televisão, jogando videogames ou utilizando o celular, contribui para o aumento do peso e para o desenvolvimento de doenças crônicas.
- Consumo de alimentos ultraprocessados: O consumo regular de fast food, refrigerantes e outros alimentos industrializados aumenta o risco de obesidade e doenças metabólicas.
- Consumo de álcool: O consumo de bebidas alcoólicas em idade precoce está associado a diversos problemas de saúde, incluindo doenças hepáticas e câncer.
- Tabagismo: Embora menos frequente, o tabagismo entre adolescentes ainda é uma preocupação, aumentando o risco de doenças respiratórias e câncer.
Quais são as semelhanças globais?
O contexto brasileiro não é único; o cenário global é semelhante. Dados da Pesquisa Global de Saúde do Estudante, que incluiu 304.779 adolescentes de 89 países, mostraram que 82,4% dos jovens entre 11 e 17 anos apresentavam dois ou mais fatores de risco.
No entanto, para os pesquisadores, as estatísticas são um alerta importante. É crucial que abordagens inovadoras e dinâmicas sejam implementadas para capacitar os jovens a adotar hábitos mais saudáveis e assim evitar a perpetuação desses problemas na vida adulta.
Quais são as consequências das doenças crônicas?
As doenças crônicas não transmissíveis são responsáveis por 75% da mortalidade no Brasil, resultando em cerca de 1,026 milhão de mortes por ano e 15% dos óbitos prematuros. DCNTs também contribuem significativamente para aumentar as desigualdades sociais, incapacidades, hospitalizações e a redução da qualidade de vida.
Alanna Gomes da Silva, pesquisadora da Escola de Enfermagem da UFMG, enfatiza que “os comportamentos adquiridos durante a adolescência tendem a se acumular e permanecer durante a vida adulta, aumentando o risco de desenvolver várias doenças crônicas.”
Este estudo ressalta a necessidade urgente de políticas intersetoriais que promovam melhores condições de vida e saúde para reduzir esses preocupantes números e melhorar o futuro dos jovens brasileiros.
O que podemos fazer?
É fundamental agir para reverter esse cenário e garantir um futuro mais saudável para os nossos jovens. Algumas medidas podem ser adotadas:
- Promoção da atividade física: Incentivar a prática de esportes e atividades físicas nas escolas e comunidades.
- Educação alimentar: Promover hábitos alimentares saudáveis desde a infância, nas escolas e em casa.
- Prevenção do tabagismo e consumo de álcool: Implementar políticas públicas para combater o tabagismo e o consumo de álcool entre adolescentes.
- Promoção da saúde mental: Oferecer suporte psicológico e emocional aos adolescentes, além de criar ambientes escolares mais acolhedores e seguros.
- Envolvimento da família: Os pais e responsáveis têm um papel fundamental na educação dos filhos sobre hábitos de vida saudáveis.