“Foi premeditado”, diz tio de motorista assassinado por comerciante

Um tio do motorista de transporte escolar morto por um comerciante em Samambaia, no Distrito Federal, foi até a delegacia onde o assassino se entregou e afirmou não acreditar na tese de legítima defesa.

Adriano de Jesus Gomes foi assassinado nessa quinta-feira (6/2) após uma discussão com o vizinho Francisco Evaldo Moura. O comerciante foi preso na manhã desta sexta (7/2).

Antes de se entregar, Francisco confessou o assassinato e disse se arrepender “amargamente”. Ele também disse que agiu em legítima defesa, pois, segundo sua versão, ficou acuado e foi ameaçado.

“Foi premeditado. Ele aguardou o Adriano sair de casa e deixou o carro que usou para a fuga na esquina da quadra residencial”, afirmou Edvaldo da Silva. “Quatro tiros pelas costas não pode ser considerado legítima defesa”, afirmou o familiar da vítima.

Discussão

Na saída da delegacia, o tio da vítima discutiu com o advogado do assassino. “Vai pra puta que te pariu, você é pago pra defender bandido”, disse, exaltado.

O advogado rebateu prontamente: “É meu trabalho, a Constituição garante a todo mundo o direito de defesa. O meu trabalho é defender as pessoas de abusos”, acrescentou.

Arma entregue

Ao lado de seu advogado de defesa, Eduardo Vinicius Lopes de Castro, Francisco se apresentou na 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia Norte), por volta das 10h.

Ao entrar na delegacia, o advogado entregou a pistola usada no crime para um policial. A arma estava com uma munição na agulha e foi retirada no momento da apreensão.

Relembre o crime

Na manhã de quinta (6/2), Francisco Evaldo de Moura discutiu com o motorista Adriano de Jesus Gomes e o filho dele, Gabriel Ferreira, 20. Francisco teria ido à casa de Adriano e iniciado uma discussão após ver o carro de Gabriel estacionado em uma área pública. Moradores da quadra relataram que Francisco acreditava ser dono desse espaço.

Câmeras registraram o momento da discussão entre os três envolvidos, bem como o tiroteio. Francisco sacou uma arma da cintura e disparou ao menos quatro vezes contra Adriano e Gabriel.

Adriano, conhecido como Tio Adriano por conta do trabalho como motorista de ônibus escolar, foi atingido no pescoço e no tórax. Ele não resistiu. Gabriel não foi ferido.

Após matar o vizinho, Francisco fugiu em um Chevrolet Ônix prata.

Brigas constantes

Francisco confirmou que havia provocações entre ele e a vítima desde quando se mudou para a casa, há cerca de 15 anos.

Questionado sobre o que motivou os disparos, o comerciante disse que, na ocasião, foi ameaçado pelo filho da vítima e se sentiu acuado pelos dois. O comerciante e o motorista discutiram momentos antes por causa do local onde Adriano estacionava o ônibus escolar na vizinhança.

Em uma ocasião anterior, Francisco ainda teria brigado com a esposa da vítima enquanto ela lavava a área da própria residência.

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