Marcos Mion relembra vida com filho em MMA, filme que aborda autismo

São Paulo — Pela primeira vez, o apresentador Marcos Mion protagoniza um filme no cinema. Com uma temática extremamente pessoal para ele, o longa MMA – Meu Melhor Amigo chegará nesta quinta-feira (15/1) aos cinemas. No mix de cenas de ação, drama e comédia, a narrativa se concentra na temática do autismo.

Assista à entrevista completa com Marcos Mion e Guilherme Tavares:

Em entrevista ao Metrópoles, Mion celebra a realização do projeto. “Deus me presenteou com o Romeo e me tornou um pai atípico como um propósito. Eu uso o ‘megafone’ que tenho hoje para poder ser porta-voz dele e consequentemente dos mais de 2 milhões de autistas que existem no nosso país. No cerne de tudo, é o amor que movimenta. Quando o amor tem propósito, ele é imparável”, orgulha-se.

Marcos Mion e Guilherme Tavares em entrevista sobre o filme MMA - Metrópoles — Marcos Mion e Guilherme Tavares, os protagonistas do filme MMA – Meu Melhor Amigo, em entrevista ao Metrópoles

Filme sobre autismo

Na história, Marcon Mion dá vida a Max Machadada, um grande campeão de Artes Marciais Mistas (MMA, na sigla em inglês) que enfrenta fim da própria carreira. Afastado do ringue enquanto se recupera de uma grave lesão no ombro, ele descobre que é pai de Bruno (Guilherme Tavares), um menino autista de 8 anos.

A relação de Max com Bruno tem vários elementos que o apresentador paulista “emprestou” da própria vida com Romeo, de 19 anos. “Tem uma cena, por exemplo, que eu vivi e, quando contei para o Cursino, roteirista, e o Alvarenga, diretor, eles ficaram superemocionados e falaram que a gente tinha que colocar no filme. Quando o Romeo era pequeno, ele não aceitava abraço, e isso era muito dolorido para mim… e eu ‘roubava’ os abraços dele enquanto ele estava dormindo; é lindo e triste, ao mesmo tempo”, avalia. “Eu me revi ali, depois de muitos anos. Eu e o Romeo conseguimos superar isso, hoje ele vive agarrado em mim.”

Contudo, o Brasil tem uma alarmante ausência de dados atualizados sobre o autismo. Um dos últimos é de 2010, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou o número de 2 milhões de pessoas com autismo.

Mion explica que os estereótipos no enredo são propositais. Para ele, fazem parte da construção de uma narrativa fidedigna à realidade dos pais e mães de autistas no Brasil, repleta de barreiras.

“Algumas coisas que o Max vive com o Bruno são inspiradas na minha vida com o Romeo, mas não todas. O Max representa genericamente pais atípicos… tem muitas coisas que o Max pensa e fala que nunca passaram pela minha cabeça. Por exemplo, na primeira cena do Max ao ver o Bruno, fala ‘eu não sabia que ele é doente’. Acho que rola até um ‘choque’ na cabeça das pessoas me verem falando isso sendo que eu sou um grande ativista da causa”, analisa.

O pequeno Guilherme Tavares, que interpreta Bruno no longa, estudou para se aprofundar no tema e retratar como vive uma criança autista. “Foi um desafio muito grande, mas uma coisa que eu gostei muito foi o carinho que o Max tem pelo filho dele”, celebra.

Preparação física de Marcos Mion

Marcos Mion se preparou intensamente para viver o protagonista. Com um plano alimentar restrito e treinos intensos, moldou o corpo para se parecer o máximo possível com um lutador de MMA. “Foram mais de 150 dias de preparação e dois meses de filmagem. Tive apoio profissional de uma equipe que montei”, conta.

“Eu queria que fosse real. Tanto o shape quanto a performance do Max foram algumas das minhas maiores preocupações, e sem dúvida a preparação foi a parte mais difícil para mim. Chega uma hora que não é mais físico, é só mental”, completa Mion.

Treinos de luta com uma ampla equipe de dublês e lutadores, assim como acompanhamento de uma fisioterapeuta, integraram o processo. Para as cenas no ringue, foram necessários ensaios de coreografias.

“Foi ficando cada vez mais realista. De fato, na maioria das cenas tinha contato, do pescoço para baixo — porque eu não podia ficar com um olho roxo nem quebrar meu nariz, tinha que gravar no dia seguinte”, detalha. “Os socos que parecem que pegaram, pegaram mesmo (risos)”, finaliza.