Governo Lula vê “flagrante desrespeito” a deportados dos EUA algemados

O Governo do Brasil, ao ser comunicado pela Polícia Federal de que os brasileiros deportados vindos dos Estados Unidos na sexta-feira (24/1) viajaram algemados, classificou a ação como um “flagrante desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos”. Eles foram liberados pela Polícia Federal (PF) brasileira ao chegarem a Manaus e tiveram acesso a comida e banheiros.

Os deportados estavam presos nos EUA desde a gestão de Joe Biden, mas foram enviados de volta ao Brasil no primeiro voo deste tipo no governo de Donald Trump, que aperta o cerco à imigração ilegal. Neste ano já houve outro voo que pousou no Brasil com pessoas deportadas dos Estados Unidos. Isso aconteceu no último dia 10, ainda na gestão de Biden. Havia 100 pessoas a bordo. Os voos de deportados dos EUA chegam ao Brasil com alguma regularidade deste o governo de Michel Temer (MDB).

O que está acontecendo:

  • Os brasileiros deportados no primeiro voo da era Trump chegaram algemados a Manaus e foram soltos por policiais federais brasileiros, por ordem do governo federal.
  • O ministro Lewandowski ordenou que a PF retirasse as algemas assim que eles chegassem ao Brasil.
  • A aeronave pousaria na noite dessa sexta (24/1) no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins (MG), mas o avião precisou pousar em Manaus para abastecer. Na capital amazonense, tripulantes perceberam problemas técnicos e cancelaram o voo seguinte.
  • Por ordem do presidente Lula, a FAB fará o transportes dos deportados do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus (AM), ao Aeroporto de Confins.
  • Dos 158 passageiros de várias nacionalidades, 88 são brasileiros, segundo relatos de fontes do Itamaraty ao Metrópoles. Quatro deles já teriam saído do grupo em solo brasileiro.
  • Para o Ministério da Justiça, houve “flagrante desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros”

O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que trabalha para completar a viagem dos deportados com “dignidade e segurança”.

“O Ministério da Justiça e Segurança Pública enfatiza que a dignidade da pessoa humana é um princípio basilar da Constituição Federal e um dos pilares do Estado Democrático de Direito, configurando valores inegociáveis”, diz a nota do MJ.

O ministro Lewandowski comunicou os acontecimentos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que determinou o voo operado pela Força Aérea Brasileira (FAB) para Belo Horizonte.

A PF informou que proibiu que os brasileiros fossem novamente detidos pelas autoridades americanas. “Os passageiros foram acolhidos e acomodados na área restrita do aeroporto. No local, receberam bebida, comida, colchões e foram disponibilizados banheiros com chuveiros“, informa a Polícia Federal.

Na viagem para o destino final programado, que é o Aeroporto de Confins, o governo brasileiro diz que os deportados “serão acompanhados e protegidos pelos militares da FAB e policiais federais brasileiros”.

Avião com deportados

Dos 158 passageiros de várias nacionalidades, 88 que chegaram a Manaus são brasileiros, segundo relatos de fontes do Itamaraty ao Metrópoles. Quatro deles já teriam saído do grupo em solo brasileiro.

Voos com brasileiros deportados dos Estados Unidos ocorrem desde 2017, durante o governo Temer. Eles chegam ao Brasil uma ou duas vezes por mês, no máximo, sempre às sextas-feiras.

Os 88 imigrantes brasileiros foram detidos por estarem em condição ilegal nos EUA, de acordo com o Serviço de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês) norte-americano.

A Prefeitura de Manaus informou que prestou assistência aos 88 brasileiros deportados dos Estados Unidos que desembarcaram na capital amazonense. Os passageiros receberam colchões e colchonetes, travesseiros, água potável e itens de higiene pessoal.

Uma postagem do ICE, na noite dessa sexta, informa que o total de presos chegou a 593 nos Estados Unidos, considerando imigrantes com documentação ilegal de todas as nacionalidades. Do total, informa a publicação, 449 são considerados detidos alojados.

O presidente Donald Trump, logo após retornar à Presidência dos EUA, iniciou ofensiva contra a imigração ilegal. No dia da posse, a última segunda-feira (20/1), Trump decretou “emergência nacional” na fronteira do país com o México. A medida serviu para possibilitar o envio, em duas etapas, de 4 mil soldados para a região.

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