O que é o “IPO reverso” e por que ele pode ser tendência para a Bolsa em 2025

Empresas brasileiras encontraram uma forma mais célere de chegar à Bolsa sem passar pelo longo e custoso processo de um IPO tradicional. Em vez de abrir capital do zero, a Fictor Alimentos e a Reag decidiram procurar empresas já listadas, mas com pouca liquidez e alta volatilidade, que pudessem ser adquiridas. Foi assim que escolheram a Atompar e a GetNinjas e estrearam na B3. 

Essa estratégia, conhecida como IPO reverso, tem chamado a atenção como uma alternativa mais ágil e eficiente para empresas que querem entrar no mercado de capitais. “O IPO reverso é como trocar o pneu de um carro em movimento. A empresa não fica em nenhum momento sem negociação na bolsa. O que ocorre é a mudança de ticker, da administração e do objeto social ao longo do processo”, diz André Vasconcellos, diretor de estratégia e Relação com Investidores da Fictor Alimentos. 

  • Tendência para 2025

O movimento de IPOs reversos começou a ganhar força no Brasil no final do ano passado e deve se consolidar como uma tendência para 2025. Com a ausência de novas ofertas públicas iniciais desde 2021, cada vez mais empresas têm buscado essa alternativa para acessar o mercado de capitais de forma mais ágil e com menos custos. “Os IPOs reversos estão se tornando uma tendência, especialmente diante da ausência de ofertas públicas iniciais desde 2021 no Brasil. Fatores como altas taxas de juros e preocupações fiscais têm desestimulado as empresas a optarem por IPOs tradicionais, tornando o IPO reverso uma alternativa viável para acessar o mercado de capitais”, afirma Jonas Carvalho, CEO da Hike Capital.

Enrico Cozzolino, sócio e head de análises da Levante Investimentos, é outro especialista que acompanha esse mercado. Ele não gosta do termo “IPO reverso”, prefere “reverse takeover”, amplamente utilizado no mercado internacional, mas reconhece vantagens do movimento. “O reverse takeover é muito mais rápido, é mais fácil comprar uma empresa já listada do que num processo de IPO inicial. Você tendo dinheiro, basta fazer”, aponta Cozzolino.

  • Também há desvantagens

O reverse takeover também traz desafios que podem gerar incertezas para empresas e investidores. Cozzolino destaca que uma das principais desvantagens está na própria natureza do processo. “A desvantagem é que você está comprando uma empresa que tem uma história, e essa história não necessariamente é a mesma que a sua. Isso pode gerar mudanças significativas de comando, governança e até mesmo de propósitos”, explica.

Além disso, questões ligadas à transparência e a riscos financeiros ocultos também são pontos de atenção. Jonas Carvalho alerta que esse modelo pode oferecer menos visibilidade sobre a saúde financeira da empresa adquirida, o que pode impactar a confiança do mercado. “Entre as desvantagens estão a transparência limitada, já que pode haver menor divulgação de informações financeiras, e a possibilidade de passivos ocultos, que representam riscos para a nova entidade”, afirma. Esses fatores fazem com que o IPO reverso, apesar de ser uma alternativa ágil, exija uma due diligence rigorosa para evitar surpresas indesejadas.

  • Custos do IPO Reverso

Outra fator que impulsiona o IPO Reverso é o custo reduzido em comparação a um IPO tradicional. “Embora envolva custos, como honorários legais e de auditoria, o IPO reverso tende a ser mais econômico que o processo tradicional de IPO, devido à eliminação de certas etapas e à redução de despesas com subscrição”, explica o CEO da Hike Capital.

Com a expectativa de um mercado ainda desafiador em 2025, essa estratégia deve continuar ganhando espaço na B3, abrindo caminho para mais empresas chegarem à Bolsa sem enfrentar as barreiras típicas de uma oferta pública inicial.

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