Dólar fecha a R$ 5,77, na 12ª queda e o menor valor desde novembro

O dólar à vista fechou em queda de 0,81%, a R$ 5,, nesta terça-feira (4/2). Esse foi o décimo segundo recuo seguido da moeda americana, que atingiu a menor cotação desde novembro de 2024. No pregão, ela chegou a ser cotada a R$ 5,75, às 13h45.

Na avaliação de Emerson Vieira Junior, responsável pela mesa de câmbio da Convexa Investimentos, dois fatores foram decisivos para a nova desvalorização do dólar frente ao real.

Houve, por exemplo, um arrefecimento na tensão em torno da guerra comercial que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou declarar contra o Canadá, o México e a China – entre outros países e blocos econômicos.

O republicano já elevou as tarifas de importação para produtos desses três países, mas adiou a aplicação das sobretaxas por um mês para canadenses e mexicanos. Disse ainda que conversará com o presidente da China, Xi Jinping, sobre o tema, o que pode indicar algum tipo de solução negociada para o problema.

Barganha

É por isso que começa a se consolidar no mercado a avaliação de que Trump tem usado a ameaça das tarifas como instrumento de pressão para obter vantagens de países com os quais os EUA mantêm pendências. Isso mesmo que esses entraves não tenham nenhuma relação com questões do comércio global.

Para evitar a sobretaxa, por exemplo, os mexicanos comprometeram-se a enviar 10 mil integrantes da Guarda Nacional para a fronteira com os EUA para conter o tráfico de drogas. Os canadenses confirmaram o plano de investir US$ 1,3 bilhão na divisa entre os dois países, para combater o crime organizado, o contrabando de fentanil (um opioide utilizado como medicação para a dor) e a lavagem de dinheiro.

“Com seguidos avanços e retrocessos nas ameaças, o mercado acredita que entendeu o modus operandi de Trump”, diz Vieira Junior. “Ele foi muito agressivo na largada e depois alterou o tom. Agora, a ideia é que a situação do comércio internacional pode não piorar tanto como as pessoas esperavam inicialmente e o comportamento do dólar reflete essa análise.”

Mercado de trabalho

O segundo fator que contribuiu com a valorização do real, nota o analista, tem a ver com informações sobre o mercado de trabalho nos EUA, divulgadas nesta terça.

Dados do relatório Job Openings and Labor Turnover Survey (Jolts) mostraram que foram criadas 7,6 milhões de vagas de emprego em dezembro na economia americana. Os analistas esperavam 8 milhões. Em novembro, o número havia ficado em 8,2 milhões. Ou seja, a abertura de postos de trabalho está em queda.

Esse, observam economistas, é um sinal de desaquecimento da economia local, embora ainda não seja possível medir com precisão a intensidade desse baque. Ainda assim, com esse movimento de baixa dos empregos cresce a possibilidade de os juros caírem – ou não voltarem a subir – nos EUA.

Essa é uma boa notícia para os demais mercados, principalmente os emergentes – caso do Brasil. Isso porque taxas de juros altas atraem dólares para a economia americana. Um fluxo nesse sentido desvaloriza as demais moedas.

Bom humor

Veira Junior observa que o mercado brasileiro também vem dando mostras de “bom humor”. Segundo o analista, isso ocorre quando notícias não tão relevantes têm repercussão positiva e ajudam a reduzir a cotação do dólar. “Foi o que aconteceu com os dados do relatório de empregos nos Estados Unidos”, afirma. “A cotação da moeda americana caiu logo depois da divulgação dos números, mesmo que eles não tenham sido tão importantes.”

Nova queda da Bolsa

A Bolsa brasileira (B3) operava em queda na tarde desta terça-feira (4/2). Às 17 horas, o Ibovespa, o principal índice da B3, registrava recuo de 0,44%, a 125.397 pontos.  No pregão, as ações de Petrobras e da Vale, que têm grande peso no indicador, caíam 1% e 0,40%, respectivamente.

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