O que se sabe sobre a queda do avião que matou piloto e advogado em SP

São Paulo — A queda de um avião de pequeno porte na Avenida Marquês de São Vicente, na zona oeste de São Paulo, na manhã dessa sexta-feira (7/2), deixou dois mortos e seis feridos. A aeronave colidiu com um coqueiro, caiu na avenida e atingiu um ônibus.

O acidente ocorreu às 7h18, próximo aos centros de treinamento do Palmeiras e do São Paulo. O avião havia decolado do aeroporto Campo de Marte, na zona norte da capital, com destino a Porto Alegre (RS). O voo durou um minuto.

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Avenida Marquês de São Vicente após queda do avião

Câmera da SmartSamp registra queda de avião em São Paulo
A aeronave pertence à Máxima Inteligência Operações Estruturadas e Empreendimentos, empresa de gestão empresarial
O ônibus ficou destruído
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Avenida Marquês de São Vicente após queda do avião

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Câmera da SmartSamp registra queda de avião em São Paulo

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A aeronave pertence à Máxima Inteligência Operações Estruturadas e Empreendimentos, empresa de gestão empresarial

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O ônibus ficou destruído

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Segundo a SPTrans, o ônibus de prefixo 11732 é da empresa Santa Brígida

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O avião caiu na avenida Marquês de São Vicente, na Barra Funda, bairro da zona oeste de São Paulo

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Segundo informações, um motoqueiro e uma senhora que estavam dentro do veículo foram feridos no acidente

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O avião que caiu nesta manhã tinha como destino Porto Alegre

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Marcio Louzada Carpena é advogado e postava imagens de dentro de seu avião

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Advogado Márcio Louzada Carpena

Segundo o Corpo de Bombeiros, os dois ocupantes morreram carbonizados: Gustavo Carneiro Medeiros pilotava o avião, acompanhado do advogado Márcio Louzada Carpena, de 49 anos, proprietário da aeronave.

Seis pessoas foram feridas no solo. Três delas, incluindo um motociclista atingido por uma placa de sinalização, foram socorridas e receberam alta hospitalar. Os demais foram encaminhados para hospitais privados e não há atualizações sobre o estado de saúde.

O ônibus atingido era da viação Santa Brígida e operava na linha 8500 (Terminal Pirituba – Terminal Barra Funda). Após ser atingido pelo avião, o coletivo pegou fogo. A concessionária informou que duas pessoas sofreram ferimentos leves e foram prontamente socorridas. O motorista teve um mal súbito e também recebeu atendimento.

Imagens feitas por câmera de segurança de um prédio da região mostram a queda. Nas imagens, é possível ver a trajetória da descida.

Quem eram as vítimas

O piloto Gustavo Carneiro Medeiros nasceu em Indaiatuba, no interior paulista. Ele trabalhou na empresa Azul por dez anos e atuava como piloto particular. Segundo a empresa, ele fez parte do quadro de Tripulantes da Azul entre 2011 a 2021.

Ele se formou na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) em ciências aeronáuticas, em 2002, e em Administração de Empresas, em 2006. Gustavo era cadastrado como piloto de linha pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

O advogado Márcio Louzada Carpena era gaúcho e comprou o avião em junho do ano passado. Ele se formou pela Faculdade de Direito da Pontifícia Católica (PUC-RS) do Rio Grande do Sul, em 2002, onde também ministrava aulas.

Carpena é dono do escritório Carpena Advogado, especializado em em direito societário, com sedes em Caxias do Sul e Porto Alegre.

Piloto pediu “retorno imediato”

Um áudio obtido pelo Metrópoles de um piloto que aguardava para decolar no Campo de Marte havia pedido autorização para retornar ao aeroporto assim que decolou. Um minuto depois desta comunicação, às 7h18, ocorreu a queda da aeronave.

O áudio indica que o piloto detectou um problema e comunicou à torre de controle. “O cara decolou na minha frente. Tô aguardando aqui uns 15 minutos ou 20. A torre mandou aguardar. Ele [piloto do avião que caiu] não declarou emergência, ele falou: ‘torre, solicito retorno imediato [prefixo do avião]. Aí não falou mais nada. A torre tentou chamar ele, mas nada. Eu tô no ponto de espera aqui, mas depois logo vi a fumaça. Complicado, triste”, relata o piloto (ouça abaixo).

O avião de prefixo PS-FEM, modelo King Air F-90, tinha capacidade para oito passageiros e estava registrada no nome da empresa Máxima Inteligência Operações Estruturadas e Empreendimentos.

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) está investigando as causas do acidente. O Ministério Público de São Paulo (MPSP) acompanhará a investigação.

Semáforo impediu tragédia maior

Um semáforo fechado impediu que uma tragédia maior acontecesse, analisa Gerardo Portela da Ponte Junior, engenheiro especialista em gerenciamento de riscos e segurança. O acidente ocorreu em uma região de fluxo intenso. No entanto, a aeronave caiu em uma via sem trânsito, graças ao semáforo fechado.

Para Gerardo, a lacuna que o piloto encontrou na avenida, sem trânsito no momento da queda, evitou uma tragédia maior. “Esse acidente poderia ter sido muito mais grave se o sinal estivesse aberto, se não houvesse aquela lacuna naquele momento e ele tivesse que fazer o pouso mesmo assim em meio aos carros em movimento”, disse ao Metrópoles.

Segundo o especialista, este é um grande alerta na sequência de acidentes que estamos tendo. “Uma oportunidade de melhoria que começaria com uma avaliação a respeito da supervisão, do cumprimento das normas de aviação privada no Brasil e a operação de aeroportos críticos inseridos dentro das grandes cidades ou mesmo nas cidades pequenas, mas com um entorno muito densamente povoado e também marcado pela presença de estradas e avenidas”, explicou.

Conforme o profissional, aeroportos dentro de áreas densamente habitadas, como o Campo de Marte, de onde decolou a aeronave, “são críticos e precisam ter uma supervisão aumentada”. “O regramento atual é bastante complacente em relação aos voos privados, diferentemente da aviação comercial, que é muito mais fiscalizada”, analisa.

Do ponto de vista do especialista, convém avaliar se esses aeroportos dentro de grandes cidades e a própria aviação privada, que representa 80% dos acidentes aeronáuticos no Brasil, estão adequados “à nova realidade de quantidade de voos e aeronaves”.

Investigações

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) vai acompanhar as investigações sobre a queda da aeronave. De acordo com a instituição, na próxima semana, um promotor será designado para participar da apuração das causas do acidente que aconteceu na manhã desta sexta-feira (7/2).

Um inquérito policial foi aberto no 23º Distrito Policial, em Perdizes, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP).

A pasta também informou que o motorista do ônibus, os passageiros e o condutor de uma motocicleta, com idades entre 30, 42, 56, 60 e 61 anos, foram socorridos e levados aos hospitais NotreDame, Santana, Vila Penteado, Cândido Portinari, Barra Funda e à Santa Casa. Um homem de 35 anos dispensou atendimento médico.

“Os corpos das vítimas, encontradas carbonizadas dentro da aeronave, foram levados ao Instituto Médico Legal (IML) para a confirmação de suas identidades. Exames foram solicitados ao Instituto de Criminalística (IC) e outras diligências estão em andamento para esclarecer completamente os fatos. A ocorrência foi registrada como homicídio culposo e lesão corporal”, diz a nota da SSP.

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