Um novo 2015? Crise fiscal e polarização elevam incertezas, diz Sérgio Vale

Como enfrentar esse cenário de crise fiscal

A economia brasileira se aproxima de um momento crítico. Com a dívida pública bruta em trajetória ascendente, uma desaceleração econômica em curso e a polarização política se intensificando às vésperas das eleições de 2026, economistas alertam para um possível cenário semelhante ao que levou o país a uma crise fiscal em 2015 e 2016.

Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, destaca que os sinais de alerta já estão dados. “Estamos em um momento de Lula que se parece com o de Dilma em 2013, iniciando um declínio que não foi suficiente para a derrota dela, mas acabou gerando a crise profunda em 2015 e 2016”, afirma. Segundo ele, a deterioração do quadro fiscal e a falta de confiança do mercado podem levar a um quadro de estagnação prolongada.

Dívida pública crescente e juros altos: combinação explosiva

O descontrole fiscal é um dos principais fatores de preocupação. Dados da MB Associados apontam que a dívida bruta do governo pode ultrapassar 81% do PIB em 2025, ampliando a necessidade de ajuste nas contas públicas. “A dívida pública hoje é muito maior do que se tinha naquela época, 20 pontos percentuais a mais”, alerta Vale.

Para tentar conter as pressões inflacionárias e a desvalorização cambial, o Banco Central pode ser forçado a manter a Selic elevada, dificultando ainda mais a retomada da economia. A projeção da MB Associados indica que os juros podem encerrar 2025 em 15% ao ano, limitando o acesso ao crédito e impactando diretamente o consumo e os investimentos.

“O choque de juros e a incerteza sobre 2026 tendem a aprofundar a desaceleração da economia ao longo deste ano. O risco de recessão no segundo semestre aumentou”, diz Vale. Segundo ele, há mais de 50% de probabilidade de que o Brasil registre dois trimestres consecutivos de queda no PIB, o que tecnicamente configuraria uma recessão.

Polarização política mantém pressão sobre a economia

O ambiente político também não contribui para um cenário de estabilidade. A proximidade das eleições de 2026 tem gerado incertezas entre investidores e agentes econômicos, especialmente devido à polarização entre possíveis candidatos. Vale observa que “a polarização que parece que se manterá em 2026 tende a manter os riscos na economia e será difícil ver um cenário de inflação moderada”.

Além disso, há receios sobre o direcionamento da política fiscal após as eleições. “O ano de eleição será naturalmente conturbado pelas indefinições sobre as candidaturas e o que o eleito faria em 2027, que hoje é a maior dúvida do mercado”, analisa Vale.

O Brasil está à beira de uma nova crise fiscal?

A grande questão agora é se o país conseguirá evitar um novo colapso econômico como o de 2015-2016. Segundo Sérgio Vale, os riscos são consideráveis, e o Brasil pode caminhar para uma estagflação leve – um cenário de baixo crescimento e inflação persistentemente alta. “Podemos ter recessão em 2026 e crescimento baixo no ano seguinte, com a inflação se mantendo no teto da meta”, alerta.

Diante desse quadro, economistas defendem que o governo adote medidas mais firmes para controlar o avanço da dívida e restaurar a confiança do mercado. Sem um plano fiscal crível, o Brasil pode reviver um dos períodos mais desafiadores de sua história econômica recente.

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