Extrema-direita: o retorno ao neandertal (por Felipe Sampaio)

A atual ascensão dessa extrema direita troglodita mundo afora vem sendo explicada das mais diversas maneiras por cientistas políticos, economistas e sociólogos. De modo geral, alguns entendem que se trata de um processo cíclico normal na história, como se fosse um vaivém periódico de valores morais e políticos. Nesse caso, estaria acontecendo um retorno temporário do pensamento reacionário e autoritário em todos os estratos das sociedades humanas, espalhando-se por todos os cantos do planeta. Mas, com o tempo, passaria.

Outra hipótese frequentemente considerada é a de que o consumismo descontrolado, estimulado pelo capitalismo moderno, turbinado pelo uso das redes digitais sem fronteiras nem pudores, teria criado uma geração de pessoas fúteis, com princípios rasos e portadoras de uma espécie de conservadorismo anarquista. Essa geração, menos atenta à realidade, seria mais suscetível às ideias retrógradas da extrema direita que julgávamos superadas.

Já no campo da política conservadora tradicional há uma resistência à opinião comum de que essa extrema direita no estilo Trump e Bolsonaro seja farinha do mesmo saco que a direita histórica da francesa Marine Le Pen ou do Partido Novo aqui no Brasil, por exemplo. Ou seja, não misturar a direita limpinha com os seguidores do marketeiro Steve Benon e do astrólogo Olavo de Carvalho. Deixemos de fora o Javier Milei que parece ser um caso à parte, levando-se em conta uma certa sintomatologia que envolve as atitudes e gestos do argentino.

Contudo, para quem enxergar alguma semelhança entre essas lideranças desvairadas da direita de hoje em dia e os homens das cavernas, não seria exagero considerar uma possibilidade alternativa, com fundamentação antropológica. Estudos biológicos avançados detectaram recentemente que não existe homo sapiens puro entre nós, que somos humanos modernos! Ao mapearem a composição genética de fósseis humanos, cadáveres recentes e pessoas vivas de diferentes partes do mundo, os cientistas estão descobrindo que o tipo europeu, de pele branca, com olhos e cabelos claros, ainda preserva até 2% de DNA neandertal. Ou seja, quando o homo sapiens (o hominídeo mais desenvolvido) migrou da África para outras regiões, encontrou os neandertais que se originaram nas áreas mais geladas do planeta, como a Europa, e houve cruzamento entre as duas espécies.

Os neandertais eram mais fortes fisicamente do que o homo sapiens e, também, mais resistentes ao frio e às grandes altitudes. Porém, apesar de já disporem de algumas armas, ferramentas e vestuário rudimentar, a espécie neandertal pura foi extinta há uns 40 mil anos. O homo sapiens tinha maior sociabilidade, raciocínio mais complexo e maior resistência a determinadas doenças.

Sendo assim, no mais puro interesse da compreensão do atual cenário político mundial, e sem querer estimular nenhum tipo de supremacismo racial moreno (o que seria um racismo às avessas), fica aqui uma boa pergunta para os mais curiosos fazerem ao ChatGPT ou ao DeepSeek: Será que essas pessoas de mente pré-histórica, terraplanistas, antivacina, neofascistas, homofóbicas, misóginas e antidemocráticas estão nesse grupo de humanos brancos agalegados que detém maior percentual de DNA neandertal em sua genética? A questão é puramente científica.

 

Felipe Sampaio: cofundador do Centro Soberania e Clima; atuou em grandes empresas e no terceiro setor; chefiou a assessoria especial do ministro da Defesa; dirigiu o sistema de estatísticas no ministério da Justiça; foi secretário-executivo de Segurança Urbana do Recife; é chefe de gabinete da secretaria-executiva no Ministério do Empreendedorismo.

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