Policial preso por elo com PCC, Bombom enviou foto fumando maconha

São Paulo – Após ser preso pela Polícia Federal (PF) sob a suspeita de ser o elo entre a banda podre da Polícia Civil paulista e o Primeiro Comando da Capital (PCC), o investigador classe especial Marcelo Marques de Souza, conhecido como Bombom, teve o sigilo telemático quebrado.

A partir das análises dos arquivos salvos em seu celular, a PF descortinou os bastidores de conversas do policial com contatos do submundo, além de descobrir que ele também provavelmente fumava maconha.

É o que indica uma foto, na qual Bombom aparece dando uma tragada profunda em um aparente baseado (foto em destaque), de acordo com a PF. A foto foi encaminhada para o “empresário” Reinaldo Muhammad Mahmud Ayesh, o Vida.

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Marcelo Marques de Souza, o Bombom, investigador classe especial da Polícia Civil

Bombom comprou apartamento em prédio de alto padrão
Fachada do DHPP, no centro da capital paulista
Fachada do Deic, na zona norte paulistana
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Dinheiro apreendido na casa do policial preso

Polícia Federal/Reprodução

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Marcelo Marques de Souza, o Bombom, investigador classe especial da Polícia Civil

Polícia Federal/Reprodução

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Polícia Federal/Polícia Civl/Reprodução

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Bombom comprou apartamento em prédio de alto padrão

Google Maps/Reprodução

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Fachada do DHPP, no centro da capital paulista

Google Maps/Reprodução

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Fachada do Deic, na zona norte paulistana

Google Maps/Reprodução

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Reprodução/PF

Em depoimento, antes de ser assassinado em 8 de novembro passado, o corretor de imóveis Vinícius Gritzbach afirmou que Vida foi apresentado por Bombom para fazer “o trampo”, tanto no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), quanto no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).

O “trampo”, como é explicado pelos investigadores da PF, em relatório obtido pelo Metrópoles, seria a introdução de criminosos, de preferência responsáveis pela movimentação de altos valores, “nas estruturas corruptas subjacentes às estruturas oficiais da Polícia Civil“.

As trocas de mensagem entre Vida e Bombom, ainda de acordo com a PF, demonstram um “estreito relacionamento” entre ambos.

Navio e maconha

Um dia após o Natal de 2023, Bombom estava em um cruzeiro, em Salvador (BA), de onde enviou um vídeo para Vida, dentro em um restaurante, perto da marina.

“A amizade entre ambos é tão estreita que Marcelo [Bombom] se sente à vontade para enviar até mesmo uma fotografia em que aparece fumando o que, aparentemente, é um cigarro de maconha”, diz trecho de relatório da PF.

A suspeita foi corroborada pela apreensão ocorrida posteriormente em um armário de policial civil, no qual havia um saco plástico com a erva.

Isso sugere, segue a PF, que Bombom seja um usuário habitual de maconha, “um contrassenso à atividade [profissional] desenvolvida por ele”.

Bombom, como já mostrado pelo Metrópoles, moraria no mesmo prédio que Reinaldo Muhammad, apontado como empresário, sócio em diversas empresas e inclusive com participação “substancial” — em 2016 — dos direitos do jogador de futebol Gabriel Jesus, na ocasião do Palmeiras.

A defesa dos dois amigos não foi localizada. O espaço segue aberto para manifestações.

Chefe de delegacia

Bombom era chefe de investigações do Corpo Especial de Repressão ao Crime Organizado (Cerco), da 5ª Delegacia Seccional da capital paulista, que atua na zona leste da cidade.

Com um salário de R$ 12 mil, de acordo com o portal da transparência do governo de São Paulo, o policial civil adquiriu um apartamento de alto padrão na zona leste paulistana — região na qual o PCC lava dinheiro do tráfico de drogas. Para isso, membros da facção compram e ostentam na região veículos e imóveis de luxo.

Levantamento do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) aponta que, entre janeiro de 2017 e julho de 2022, o investigador da Polícia Civil movimentou quase R$ 34,5 milhões em transações bancárias.

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