Netinho de Paula fez empréstimos com operador do PCC: “Banco da Gente”

São Paulo — Investigação da Polícia Federal (PF) revela que o pagodeiro e ex-vereador Netinho de Paula mantinha “bastante proximidade” e fazia empréstimos com Ademir Pereira de Andrade, apontado como operador financeiro da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

Em relatório obtido pelo Metrópoles, investigadores federais afirmam que, “além dessa amizade”, o cantor, por conta da grande quantidade de empréstimos, chamava Ademir de “Banco da Gente”. Por meio de mensagens, Netinho avisa ter enviado notas ao agiota do PCC, nas quais estão as datas para o pagamento de um empréstimo de R$ 500 mil, além de outro de R$ 2 milhões.

“A gente vai se acertando aí e com relação às questões dos juros, eu vou pagando você o que for dando aí, pode ficar tranquilo tá bom?”, disse o cantor ao criminoso em 26 de maio de 2023.

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A emissora negou as informações

Netinho de Paula tinha um programa na ReddeTV!
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Netinho diz que ele mentiu para os sócios
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Netinho de Paula – Reprodução/Twitter

A troca de mensagens foi encontrada pela PF, na nuvem do celular do agiota, após o aparelho ser apreendido e ter o sigilo telemático quebrado, no âmbito da investigação sobre o assassinato do corretor de imóveis e delator do PCC Vinícius Gritzbach, em 8 de novembro do ano passado, quando ele desembarcou de um voo no Aeroporto Internacional de São Paulo, na região metropolitana.

Amizade e shows em sítio

Além dos empréstimos, as conversas entre Netinho e Ademir corroboram a grande proximidade entre eles, destaca a PF no relatório de investigação.

“Salve Banco da Gente, meu mano, tô com saudades, como é que ce [sic] tá? Tá tudo bem aí? Como estão as coisas?”, escreveu Netinho, em 19 de abril do ano passado.

Em outubro de 2023, o cantor também enviou mensagens falando sobre as saudades que sentia de Ademir — que, de sua parte, responde afirmando que estaria, no fim de semana, em seu sítio, na cidade de Igaratá, interior paulista.

Netinho se apresentou em shows no sítio do agiota, como afirmado pelo próprio artista ao Metrópoles, por meio de seus advogados. No entanto, a defesa alega que o cantor desconhecia o envolvimento de Ademir com o crime organizado.

“O senhor Ademir é, sim, um fã do artista Netinho de Paula e, de fato, já o contratou para apresentação em evento corporativo na região de Igaratá”, diz trecho da nota, acrescentando que “desconhecíamos, totalmente, qualquer envolvimento ilícito de qualquer contratante”.

Os defensores Carlos Alberto Arão e Ana Carolina de Oliveira Arão afirmaram, ainda, que aguardam acesso ao inquérito da PF para se manifestar sobre o caso.

Lavagem de dinheiro

Um áudio enviado por Netinho ao agiota, transcrito na investigação da PF, indica que o operador financeiro do PCC também atuava como doleiro — ou seja, tinha conhecimento sobre como ocultar transações financeiras dos órgãos de controle.

No áudio, Netinho explica para Ademir que iria receber 40 mil dólares, pagos a partir de Angola, na África. “Eu queria tentar uma operação […] Você manja dessas coisas, me dá um toque depois”, diz o cantor.

Além disso, segundo a PF, Ademir também lavava dinheiro da maior facção criminosa do país.

Em uma das transações, de R$ 150 mil, ele teria usado uma empresa de peças automotivas, pertencente à esposa de Netinho de Paula, pelo fato de o cantor e o criminoso terem, ainda segundo a PF, “relação muito próxima, comprovada através da análise realizada na nuvem [do celular] de Ademir”.

Os R$ 150 mil,  dizem os investigadores, teriam sido transferidos para a conta da empresa da mulher do cantor “com o objetivo de dissimular sua verdadeira origem e destino”.

Ademir Pereira de Andrade está preso desde dezembro do ano passado. Em delação premiada, Gritzbach afirmou que o agiota também era testa de ferro de traficantes do PCC. A defesa dele não foi localizada. O espaço está aberto para manifestações.

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