Lula e premiê de Portugal debatem xenofobia e racismo: “Não há espaço”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discutiu com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, a situação de brasileiros em Portugal, em especial, a xenofobia e o racismo sofridos pela comunidade.

Em declaração à imprensa após reunião entre os líderes, nesta quarta-feira (19/2), Lula afirmou que “não há espaço” para discriminação na relação entre os países e disse ter pontuado a questão ao premiê durante o encontro.

“Nesses 200 anos, muitos portugueses vieram estabelecer-se e criar raízes em nosso país, assim como muitos brasileiros mudaram-se para Portugal e ali constituíram laços. Afirmei ao primeiro-ministro Montenegro que precisamos desconstruir a narrativa mentirosa que associa a migração brasileira ao aumento da criminalidade em Portugal. Sabemos bem que não há espaço para racismo e xenofobia entre nós”, ressaltou Lula.

Montenegro garantiu que o país tem “tolerância zero” com as práticas. “Não posso garantir que não possa existir, excepcionalmente, um episódio de alguma reação ou manifestação de racismo ou xenofobia, algum comportamento desviante no meu país”, reconheceu o primeiro-ministro.

“O que eu posso dizer é que temos tolerância zero com quem tiver um comportamento dessa natureza, prevenindo, fazendo e assumindo um posicionamento inequívoco de repressão a qualquer tentativa nesse sentido”, reforçou.

Acordo Mercosul-UE

As autoridades também defenderam a implementação do acordo entre Mercosul e União Europeia, na contramão das políticas protecionistas adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Lula ressaltou que a adoção do acordo trará benefícios aos dois blocos e, sem citar o republicano, disse: “Quando o protecionismo comercial ganha força no mundo, demostramos o potencial da integração”.

Montenegro destacou que a medida vai beneficar países que representam uma fatia significativa do PIB mundial e pode fortalecer as economias das duas regiões.

“Se não for implementado, é um espaço que fica aberto a outros blocos comerciais. Se os europeus não tiverem a capacidade de implementar, depois não se podem queixar de ver outros blocos comerciais invadirem, de forma não regulada, de forma não leal do ponto de vista da concorrência do comércio internacional, o espaço que não tiveram a capacidade de ocupar”, defendeu.

O premiê ainda comentou o “tarifaço” de Trump e argumentou que este “não é o melhor caminho” para as relações comerciais. “Nossa visão é muito direta: defendemos regras de comércio livre e justo; portanto, entendemos que a fixação unilateral de tarifas, de posições protecionistas, não é melhor caminho.”

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