VÍDEO – “Um voto, uma castração” em Ananindeua: MP quer cassar vereador

O vereador eleito por Ananindeua, Neto D’Ipolito (PV), pode perder o mandato caso a justiça aceite uma denúncia contra ele por castração de animais em troca de votos. O pedido de cassação do registro de candidatura e inelegibilidade do vereador deu entrada na justiça eleitoral no final de novembro do ano passado. A instrução do processo está praticamente concluída para julgamento, faltando apenas a manifestação final da Promotoria Eleitoral de Ananindeua, cujo prazo para ocorrer é até o próximo dia 3 de março.

O vereador não compareceu à audiência de instrução do processo, mas a defesa dele refutou as acusações, contestando o que dizem as testemunhas, mas a promotoria rebateu, manifestando-se contra o provimento das alegações pelo juiz eleitoral. O Ver-o-Fato teve acesso à denúncia e às alegações finais das partes no processo.

Além de testemunhas, a prova mais contundente contra Neto D’Ipolito é um vídeo anexado ao processo em que o próprio vereador, durante a campanha eleitoral, pede votos em troca da castração de cães. O caso evidencia que, apesar do passar dos anos, a velha política do assistencialismo eleitoreiro ainda persiste.

No vídeo amplamente compartilhado nas redes sociais antes das eleições de 2024, chegando a ter mais de 1.600 curtidas, o próprio Neto D’Ipolito afirma que, “para cada voto recebido, uma castração de pet” seria realizada. Além disso, ele declara que mais de cinco mil castrações já haviam sido feitas no município.

Ao fazer as contas, com base nas 5 mil castrações durante a campanha eleitoral e os 1.540 votos obtidos na abertura das urnas, o vereador, que ficou entre os últimos colocados dos 28 vereadores da Câmara Municipal de Ananindeua, escapou de ser “castrado” de votos pelos próprios eleitores. Foram 3.460 que deixaram de votar nele, embora beneficiados pela castração de seus bichanos.

A fala do vereador no vídeo não apenas comprova a oferta direta de benefícios em troca de votos, como também levanta dúvidas sobre a origem dos recursos para tais procedimentos, uma vez que o vereador não é veterinário nem proprietário de uma clínica especializada.

Abuso de poder

O publicitário Uziel Monteiro, autor da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) em que pede a cassação do mandato do vereador Waldemir Lisboa e Silva Neto D’Ippolito, eleito pelo PV, partido integrante da federação Brasil da Esperança (PT/PCdoB/PV), afirma que o parlamentar teria cometido abuso de poder econômico e captação ilícita de votos ao prometer a castração gratuita de animais domésticos em troca de apoio eleitoral.

Monteiro argumenta que essa prática caracteriza compra de votos e representa uma grave violação da legislação eleitoral, conforme previsto na Lei Complementar nº 64/90. Além disso, sustenta que a promessa foi amplamente divulgada e reforçada nas redes sociais do vereador, consolidando a tese de que houve benefício eleitoral indevido.

Nos comentários das publicações do então candidato, eleitores chegaram a celebrar a troca direta de votos pela castração de seus animais, o que, segundo o denunciante, evidencia ainda mais a irregularidade. Além da cassação do mandato, Neto D’Ippolito poderá sofrer a aplicação de outras penalidades cabíveis. A denúncia já circula nas redes sociais de Ananindeua, incluindo o Jornal Metropolitano.

O ato reforça uma velha tática de captação ilícita de sufrágios que, em décadas passadas, se manifestava na distribuição de óculos, dentaduras e consultas médicas, e que agora assume uma nova roupagem na era da defesa da causa animal.

As testemunhas apresentadas pelos denunciantes foram cruciais para estabelecer o nexo causal entre a proposta de Neto D’Ipolito e os votos que recebeu. Com a gravidade da acusação, a possibilidade de cassação de seu mandato se torna cada vez mais real. Caso o TRE acate a denúncia, o vereador poderá ser afastado do cargo e, dependendo da decisão, ficar inelegível por um período determinado pela Justiça Eleitoral.

O caso serve de alerta para a persistência das práticas irregulares em períodos eleitorais e reforça a necessidade de fiscalização rigorosa para coibir fraudes que comprometem a lisura do processo democrático.

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