Mercado reage mal ao Caged, e dólar fecha a R$ 5,80. Bolsa despenca

O dólar encerrou a sessão desta quarta-feira (26/2) em forte alta, batendo os R$ 5,80, em um dia marcado pela divulgação de dados de emprego no Brasil.


O que aconteceu

  • A moeda dos Estados Unidos fechou o dia negociada a R$ 5,80, avançando 0,83% frente ao real.
  • Na cotação máxima do dia, o dólar bateu R$ 5,805. A mínima foi de R$ 5,735.
  • No dia anterior, o dólar encerrou a sessão praticamente estável, com um leve recuo de 0,01%, cotado a R$ 5,75.
  • Com o resultado, a moeda acumula alta de 0,42% na semana e baixa de 1,41% no mês e de 6,88% no ano.

Dados do Caged

No cenário doméstico, o principal destaque desta quarta-feira foi o anúncio dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.

Em janeiro deste ano, segundo a pasta, o Brasil criou 137,3 mil vagas formais de emprego, em resultado que superou as expectativas do mercado.

A projeção média do mercado apontava que o saldo final de vagas em janeiro deste ano seria positivo em cerca de 48 mil. O número representa o saldo entre vagas de trabalho abertas e fechadas em todo o país.

Na última segunda-feira (24/2), o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, já antecipava que o Caged mostraria a criação de mais de 100 mil empregos no país em janeiro. “Começando o ano gerando emprego de qualidade. E vamos repetir o ano inteiro”, afirmou o ministro, em cerimônia ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Rio Grande do Sul.

Por que o mercado reagiu mal ao Caged

O resultado do Caged reforçou a preocupação no mercado de que a atividade econômica do país segue forte, o que pode agravar a inflação.

A percepção dos investidores é a de que a elevada taxa básica de juros (Selic), que atualmente está em 13,25% ao ano, ainda não foi capaz de esfriar a economia e diminuir os riscos de alta da inflação.

Com uma forte geração de empregos, o entendimento do mercado é o de que a atividade econômica do país vai demorar mais do que o esperado para desacelerar – o que, em última análise, pode forçar o Banco Central (BC) a manter uma política monetária mais restritiva, com juros ainda mais altos.

Os investidores também reagiram mal a declarações do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que classificou como uma “imbecilidade” a decisão do BC de subir os juros para controlar a inflação.

“Estranhei um aspecto. Parece que o tal do mercado ficou nervosinho, porque incapacitados que são de fazer projeções que correspondam à realidade do Brasil. Não sei qual é esse tal de mercado. Por que não me apresenta o CPF, vem conversar comigo? Para ensiná-los a projetar corretamente e entender o coração do povo brasileiro”, disse Marinho, em entrevista coletiva.

À espera do balanço da Petrobras

Ainda no âmbito nacional, os investidores acompanham atentamente novos resultados da temporada de balanços das empresas.

O principal destaque do dia é a Petrobras, que deve anunciar, após o fechamento do mercado, os números da companhia referentes ao último trimestre do ano passado.

No exterior, as atenções estão concentradas na divulgação do balanço da Nvidia, também previsto para o pós-mercado desta quarta-feira.

“Prévia” da inflação segue repercutindo

Nesta quarta-feira, os investidores continuam repercutindo dados preliminares de inflação no Brasil.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o resultado de fevereiro do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (o IPCA-15, considerado a “prévia” da inflação oficial do país).

Em fevereiro, o IPCA-15 ficou em 1,23% e em 4,96%, no acumulado de 12 meses – acima do limite do teto da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e perseguida pelo Banco Central (BC).

De acordo com o CMN, a meta de inflação para este ano é de 3%. Como há intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, a meta será cumprida se ficar entre 1,5% e 4,5%.

Segundo a edição mais recente do Relatório Focus, do BC, divulgada na última segunda-feira (24/2), o mercado financeiro projeta que a inflação no Brasil em 2025 fique em 5,65% na comparação anual – acima da meta, portanto.

O resultado do IPCA-15 veio abaixo das projeções do mercado, que eram de 1,34% (mensal) e 5,09% (anual), mas bem acima do mês passado. Em janeiro, a prévia da inflação foi de 0,11% (mensal) e 4,5% (anual).

Paz na Ucrânia?

No cenário externo, os investidores seguem acompanhando os desdobramentos das negociações por um cessar-fogo na guerra entre Rússia e Ucrânia, que já dura 3 anos.

As atenções dos investidores nos últimos dias estão voltadas à participação do presidente dos EUA, Donald Trump, nas conversas por um possível acordo de paz.

Trump declarou não ver problemas no envio de uma força de paz europeia ao território ucraniano. A medida foi anunciada na segunda-feira, em meio a uma nova estratégia para garantir estabilidade na região, com foco em assegurar a paz e evitar novas escaladas do conflito.

A decisão ocorre após semanas de negociações, com os aliados europeus buscando uma maneira de auxiliar na implementação de trégua e garantir que o cessar-fogo seja cumprido.

Trump afirmou que conversou, por telefone, com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e declarou que “Putin aceitará” a permanência de tropas em território ucraniano.

As declarações do norte-americano foram dadas na companhia do presidente da França, Emmanuel Macron, que compareceu a uma reunião na Casa Branca.

No último domingo (23/2), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, se mostrou disposto a deixar o governo ucraniano em troca do fim da guerra na Ucrânia. Trump disse que pretende encontrar Zelensky em breve para assinar o acordo.

Ainda na segunda-feira, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou uma resolução proposta pelos EUA que pede um “fim rápido” para a guerra.

O texto foi aprovado com o voto conjunto de norte-americanos e russos e sem que a França e o Reino Unido utilizassem seu poder de veto como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.

Ibovespa cai forte

Depois de abrir o pregão em alta, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), se manteve no vermelho durante a maior parte do dia.

Por volta das 17 horas, na reta final do pregão, o indicador recuava 0,73%, aos 125 mil pontos.

No dia anterior, o Ibovespa fechou o pregão em alta de 0,46%, aos 125,9 mil pontos.

Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula perdas de 0,9% na semana e de 0,12% no mês, e ganhos de 4,74% no ano.

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