EXCLUSIVO – Medo e impunidade: Terra Firme denuncia mortes e aponta PM reformado

O bairro da Terra Firme, em Belém, vive momentos de tensão com a presença de um ex-policial militar, conhecido por suas conexões com milícias, que tem agido como um “justiceiro” nas ruas da comunidade. O nome dele será divulgado somente às autoridades. Sem inquérito policial aberto contra ele, o homem, que já esteve envolvido na infame chacina de junho de 2019 do Bar da Vanda, no bairro vizinho do Guamá, onde onze pessoas foram brutalmente assassinadas, continua a agir impunemente.

Relatos feitos ao Ver-o-Fato, sob a condição de anonimato, detalham como o ex-PM, após sobreviver a um atentado recente, supostamente orquestrado por uma facção criminosa, saiu em busca de vingança. Em um carro, acompanhado por outro miliciano, ele percorreu as ruas da Terra Firme, encontrando dois jovens, que foram executados a tiros. Um dos jovens, ainda agonizando no chão, foi atropelado pelo “justiceiro”.

As vítimas foram Vitor Cardoso Milho, de 22 anos, morto durante a noite desta última segunda-feira, 12, na Passagem 24 de Dezembro, e Ariel Kelvin Rocha Alves, de 26 anos. Vitor acabou falecendo ainda no local. Ele não tinha pendências com a justiça. Já Ariel, constava no sistema e tinha passagem por tráfico de drogas. Ele foi atingido por três tiros, dois na nuca e um no rosto. Ele ainda chegou a ser socorrido e encaminhado para o Pronto Socorro do Guamá em estado grave, mas não resistiu.

Segundo os moradores, eles vivem “amedrontados, sem esperança de justiça”. E dizem que a presença do ex-policial, que continua a andar livremente pela região, tem transformado a comunidade em um território de pavor e silêncio. A ausência de uma resposta contundente das autoridades, e a falta de cobertura midiática sobre o caso, “alimentam o temor de que novos crimes possam ocorrer a qualquer momento”.

“O problema é que ele já está acostumado a sair impune de seus crimes”, lamenta outro morador, ressaltando o clima de insegurança que voltou a dominar a Terra Firme, relembrando os tempos de horror antes da chacina do Bar da Vanda. A comunidade teme que a onda de violência aumente, à medida que a sensação de impunidade só cresce. “Aqui, ninguém cobra nada, ninguém fala nada. Parece que todo mundo se faz de égua”, completa outro residente, angustiado com a falta de providências e o silêncio ensurdecedor da sociedade.

“Queremos respostas”

“Somos pessoas humildes, trabalhadores que pagam seus impostos, mas vivemos trancados em nossas casas, sem a proteção que o Estado deveria garantir. É prisão sem ter cometido crime algum, dentro de nossos lares, com medo de sair. Já não temos segurança pública, e agora temos que conviver com esse homem que mata sem dó nem piedade”, desabafa um morador.

Perguntados sobre a razão de ainda não terem procurado as autoridades para relatar a denúncia sobre a violência e os crimes praticados pelo militar, ou militar reformado, a resposta foi de que a comunidade se sente desamparada por fazerem “inúmeras denúncias que dão em nada e não são investigadas”.

Com a palavra, a Corregedoria Geral da PM

O Ver-o-Fato falou no final da manhã desta quinta-feira com o corregedor-geral da Polícia Militar, o coronel Cássio Tabaranã Silva, relatando a ele as denúncias feitas ao portal pelos moradores da Terra Firme. O coronel disse que iria repassar as denúncias para o seu setor competente para buscar mais informações.

Tabaranã ponderou, no entanto, que seria interessante que as pessoas que procuraram o Ver-o-Fato devem também procurar a própria Corregedoria, fornecendo “maior riqueza de detalhes, como datas e horas” dos fatos. Isso pode ser feito ainda pelo Disque-Denúncia (181), de forma anônima, despreocupadamente. Nos ajudaria bastante e nos agradecemos por isso”. A ligação é gratuita.

The post EXCLUSIVO – Medo e impunidade: Terra Firme denuncia mortes e aponta PM reformado appeared first on Ver-o-Fato.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.