Vídeo: ex-mulher diz que foi espancada por comandante da GCM

São Paulo — A advogada Samara Rocha, ex-companheira do atual comandante da Guarda Civil Metropolitana (GCM) de São Paulo, Eliazer Rodella, diz ter sido espancada pelo então marido em pelo menos duas oportunidades. Em uma delas, a mulher estava grávida do segundo filho do casal, em 2008.

“Quando eu estava [grávida] de oito meses do meu filho, ele me espancou. Minha enteada estava em casa, ela estava com 12 anos. A minha filha tinha um ano e quatro meses. Ele batia minha cabeça na porta, deixou meus braços roxos, me jogou na cama com muita força. Minha enteada começou a chorar, minha menina também. […] Ele dava soco em mim. Não soco na barriga, soco no braço. Meu braço ficou todo roxo”, disse Samara.

A declaração foi dada em entrevista ao canal no YouTube Histórias de Divórcios. Em seu relato, a mulher não cita Rodella nominalmente, limitando-se a dizer que o ex-companheiro seria “comandante” de uma “instituição de segurança”. O casal, que se conheceu na faculdade de direito, permaneceu junto entre 2003 e 2019.

A advogada afirma que, na ocasião, não teve coragem de denunciar o então companheiro à polícia, porque “não tinha ninguém” e decidiu pensar nos filhos.

“As vizinhas chamaram a polícia, elas conseguiam ver minha casa. Elas sabiam que eu estava grávida. A polícia foi lá no portão, e ele ficou quietinho. São covardes, né? Ele ficou morrendo de medo. Eu tive que pensar em fração de segundos: ‘Se eu fizer a denúncia, como vou fazer?’. Eu não tinha ninguém. Então eu não falei”, relata a advogada.

Assista:

Samara Rocha disse, em seu relato, que também foi agredida por Rodella antes do nascimento dos filhos. Ela descreve um episódio em que o então companheiro voltou para casa em seu intervalo na GCM e a violentou.

“Ele saiu para trabalhar. E no meio do horário dele de trabalho ele apareceu lá e me violentou. São coisas que a gente tem até lapsos de memória. Mas isso eu lembro bem. Foi chocante. Ali eu já estava fraca. Eles tiram nossas forças”, disse.

Violência psicológica

Em seu depoimento, Samara Rocha também descreve diversos episódios de violência psicológica. Segundo ela, menos de 40 dias após o parto da primeira filha do casal, Rodella ameaçava “procurar na rua” caso ela não quisesse ter relação sexual.

“Eu estava na quarentena ainda, e ele queria fazer sexo. Ele dizia: ‘Você sabe, né? Vou ter que procurar na rua’. Então, imagina eu passando por tudo isso. Minha filha subnutrida, eu sentindo uma dor da morte, e ainda você ouvir essas coisas”, afirmou Samara no relato.

“Eu não tinha tempo de pôr a cinta, tinha dia que eu não escovava nem os dentes. Não tinha tempo. Eu não dormia”, acrescenta a mulher.

À medida que a menina crescia, diz a advogada, o atual comandante da GCM tentava fomentar uma versão da filha em relação à mãe.

“Ela tinha uns 9 meses e ele começava incutir coisas na cabeça dela. ‘Ah, ela tem ojeriza da mãe’. Ela era um bebê. Muita coisa fica no inconsciente da criança. Muitas coisas da nossa vida adulta têm a ver com o que está no nosso inconsciente.”

Eliazer Rodella

Eliazer Rodella, de 56 anos, assumiu o comando da Guarda Civil Metropolitana em 16 de janeiro deste ano. Ele ingressou na instituição em 11 de fevereiro de 1988 como GCM 3ª classe, foi efetivado como inspetor 10 anos depois, passou a inspetor de agrupamento em 2016, e, em 22 de outubro de 2016, foi promovido ao cargo de inspetor superintendente.

Antes de assumir o comando da GCM, Rodella comandava a Superintendência de Operações Integradas (SOI) do Smart Sampa. Ele também passou pela Inspetoria Regional Ibirapuera, a Central de Telecomunicações e Videomonitoramento (CETEL), o Setor de Planejamento de Comando (SPOCMDO), e a Inspetoria de Ações Integradas (IAI).

Outro lado

O Metrópoles questionou a Prefeitura de São Paulo sobre as acusações envolvendo o comandante da GCM, Eliazer Rodella. O espaço segue aberto para manifestação. A reportagem não conseguiu localizar Rodella.

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