A Amazônia está entregue à droga?

Foto: ClicRDC

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Cabeçalho da capa da revista Veja desta sexta-feira (11): “Amazônia: como o tráfico transformou a floresta na principal rota de exportação de cocaína”. Conforme a “carta ao leitor”, seção da revista semanal mais importante do país que expõe o pensamento editorial da publicação, “a imensidão do território da Amazônia e a debilidade do sistema de segurança transformaram a fronteira entre o Brasil, a Colômbia e o Peru na principal rota de passagem da cocaína que tem a Europa como destino principal”.

Conforme a revista, pelo menos 430 toneladas de droga cruzam os rios desta região de tríplice fronteira todos os anos antes de chegar a outros países por meio de transporte fluvial. A média diária é de cerca de 1.200 quilos de entorpecentes por dia! “Explorado pelos maiores carteis do Hemisfério sul, o negócio envolve bilhões de dólares, movimenta toda uma estratosfera de crimes conexos e conta com a parceria de facções nacionais”, afirma Veja.

A carta cita explicitamente o Comando Vermelho como operador único do transporte de drogas na região. A equipe de Veja correu perigo de morte, mesmo escoltada pelo Exército Brasileiro, durante a estadia na tríplice fronteira para realização da reportagem. Quero aqui saudar a coragem dos colegas em trazer à opinião pública esse gravíssimo tema de segurança e saúde pública, que também trata de nossa soberania nacional.

Na reportagem, é pontuada a mata fechada e os rios com milhares de braços da região como dificultadores do patrulhamento policial e facilitadores do crime. Veja calcula que o faturamento dos cartéis de droga com o transporte fluvial operado pelo Comando Vermelho chegue a R$ 110 bilhões por ano. Esse valor quase dobra o orçamento do Governo do Estado de Santa Catarina para 2025, para se ter uma ideia do tamanho da bandidagem.

Os esforços realizados, apesar dos pífios orçamentos registrados para o Exército e a Polícia Federal (PF) nestas operações, são relevantes: durante o período de estadia da equipe de Veja na tríplice fronteira, a PF apreendeu, em uma única ação, cinco toneladas de cocaína que estavam escondidas no meio da floresta amazônica, causando um prejuízo de quatro dias na operação criminosa. É pouco, mas vale.

As paredes das palafitas dos postos de fiscalização da Funai e das forças de segurança estão cravejadas de balas disparadas pelos bandidos. A insegurança impera nas comunidades urbanas, indígenas e rurais da tríplice fronteira. Com o Comando Vermelho dominando a região há cinco anos, e com líderes de cartéis mais discretos, vem do Norte do país o aviso para as fronteiras nacionais na região Sul.

Como afirma a última frase da reportagem de Veja, “não vai ser à base de um soldado para cada 72 quilômetros quadrados de área de fronteira que a guerra contra o crime será vencida”. Os governadores da região Sul precisam se unir e pressionar o Comando Militar do Sul a intensificar treinamentos e capacitar os militares do Exército para servir na região aos interesses nacionais que o contrabando ameaça todos os dias.

Recadinhos

  • O Caso João Maria, que se refere ao homem que morreu enquanto aguardava resultados de exames no Hospital Regional do Oeste na última sexta-feira, foi tema central do programa Primeira Hora da Condá FM de hoje (14).
  • Quero agradecer aos ouvintes que apoiaram e ajudaram a construir o debate que tomou a maioria do tempo do programa, e elevou os índices normais de audiência.
  • Que este caso seja o último. Que ninguém mais tenha que perder a vida devido à falta de profissionais e da devida valorização salarial a quem trabalha no HRO!
  • Amanhã (15), teremos três eventos da Prefeitura de Chapecó: o lançamento do programa Chapecó Inovadora, às 8h, no Pollen Parque; a inauguração da Vila do Artesanato no Ecoparque às 18h30; e a entrega de matrículas de Reurb às 19h.

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