Você já deve ter visto uma formiga carregando um pedaço de folha ou uma migalha. Muitas vezes, o que elas transportam é dezenas de vezes maior do que seus corpos. Mas como isso é possível?
A força das formigas começa pela estrutura corporal. Por serem muito pequenas, elas têm uma relação entre massa e força muscular bastante favorável. Com seis patas, elas ainda conseguem distribuir o peso da carga de forma equilibrada.
“Mesmo com músculos minúsculos, as formigas conseguem aplicar força suficiente para carregar objetos dezenas de vezes mais pesados do que elas”, explica o professor de biologia Yuri Vieira, do Colégio Sigma, em Brasília.
Além disso, o corpo das formigas é envolto por um exoesqueleto feito de quitina, que funciona como uma armadura leve e resistente. “Esse exoesqueleto protege e sustenta o corpo do inseto sem adicionar peso excessivo”, diz a professora de ciências Priscila Bezerra, do Colégio Marista, de Águas Claras.
Músculos e articulações fortes
Por dentro, as formigas também são bem preparadas para o esforço. Os músculos, concentrados principalmente no tórax, funcionam como alavancas. “Eles se ligam diretamente ao exoesqueleto e, mesmo sendo pequenos, conseguem gerar uma força notável graças à biomecânica envolvida”, afirma Yuri.
Durante o transporte de suprimentos, esses músculos realizam contrações rápidas e coordenadas. “As articulações das pernas são resistentes e permitem movimentos firmes”, completa Priscila.
A professora de ciências destaca ainda a importância da hemolinfa — o fluido que circula dentro do corpo das formigas — na manutenção da pressão corporal, essencial para sustentar o esforço.
Trabalho em equipe faz diferença
Em muitas espécies, a tarefa de carregar não é feita sozinha. As formigas se comunicam entre si por meio de feromônios e sinais táteis. Quando uma encontra uma fonte de alimento ou um obstáculo, ela libera substâncias químicas que funcionam como alertas para o restante da colônia.
“Esses sinais permitem que as formigas ajam de forma coordenada, mesmo que cada uma tenha um comportamento simples”, explica Yuri.
O comportamento coletivo é instintivo e evoluiu ao longo do tempo. “Elas ajustam a direção e a força que cada uma aplica, o que evita desperdício de energia”, completa Priscila.
Estratégias diferentes para espécies diferentes
Nem todas as formigas se comportam da mesma forma. Algumas seguram os objetos com as mandíbulas, outras preferem arrastá-los. Há também aquelas que atuam em grupo para lidar com cargas maiores. “As formigas cortadeiras, por exemplo, carregam folhas que podem pesar entre 20 e 50 vezes mais que o corpo delas”, conta Priscila.
Além disso, há colônias com operárias de tamanhos diferentes, o que permite uma divisão de trabalho ainda mais eficiente. “As maiores transportam os objetos mais pesados, enquanto as menores se dedicam a tarefas mais delicadas”, diz Yuri.
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