O Hospital Regional de Taguatinga (HRT) sofre com o déficit de 180 profissionais de enfermagem com 20 horas de trabalho, informou o Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal (SindEnfermeiro/DF).
A ausência dos enfermeiros representa mais de 15 mil horas de trabalho não cobertas – ou seja, sem o acolhimento e tratamento dos pacientes.
Atualmente, o HRT conta com 324 profissionais de enfermagem. Esse cenário sobrecarrega os profissionais e compromete a qualidade da assistência prestada à população.
Durante diligência no hospital, o presidente do SindEnfermeiro, Jorge Henrique, conversou com a enfermeira que passou a usar medicamentos psicotrópicos para aguentar a jornada extenuante e não desfalcar o plantão.
“Estou trabalhando, fazendo uso de psicotrópicos. Se eu não trabalhar, o plantão ficará desassistido. Estou adoecida. Mas o plantão não pode ficar desfalcado”, desabafou. A identidade dela será preservada.
Segundo Jorge Henrique, o déficit no HRT afeta todo o centro médico, mas principalmente o pronto-socorro (PS) infantil e adulto, onde há apenas 68 leitos para uma média de 100 a 110 pacientes internados diariamente. Lá, faltam 50 enfermeiros.
O PS é a porta de entrada do hospital, e a carência de profissionais prejudica diretamente o atendimento de urgência e emergência.
Desassistência
“É muito grave. Estamos falando de desassistência para pacientes internados no hospital. Sem enfermeiros, os pacientes ficam mais tempo no hospital, correm mais risco de infecções, esperam mais por cirurgias. Quadros de dor ficam ainda piores”, alertou.
Segundo o sindicato, o déficit prejudica ainda mais o atendimento nos dias de superlotação e impede o fluxo correto de pacientes. Para cobrir o desfalque, os enfermeiros mergulham em horas extras (TPD). Mas, mesmo com 5 mil horas adicionais trabalhadas, ainda restam mais de 10 mil horas em aberto.
Uma hora alguém falha
As horas extras amenizam o desfalque de profissionais, mas trituram a saúde dos enfermeiros. “Uma hora alguém vai falhar no atendimento dos pacientes”, alertou. Pelo diagnóstico do sindicato, a melhor solução para a crise é a nomeação de novos enfermeiros. “A Lei Orçamentária Anual prevê a possibilidade de nomeação de mais 800 enfermeiros”, comentou.
O sindicato também apresentou denúncia para o Ministério Público do DF e Territórios (MDFT), ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e para a Comissão de Saúde da Câmara Legislativa (CLDF), presidida pela deputada federal Dayse Amarilio (PSB).
Outro lado
O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) sobre a questão. Em nota, a pasta afirma que “o número atual de enfermeiros na rede pública do DF é de 4.293, tendo um déficit atual de 2.165 profissionais, considerando todas as especialidades na carreira de enfermeiro”.
A SES-DF diz ainda que o concurso público realizado em 2022 ofereceu 101 vagas imediatas e formação de cadastro reserva.
“Desde então, a SES-DF já nomeou 548 candidatos aprovados para o cargo, conforme publicações no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF). A última nomeação ocorreu em 17 de dezembro de 2024. Há 4.995 candidatos no cadastro reserva, sendo 4.976 aguardando convocação e 19 em final de fila, e o concurso permanece válido até 24 de setembro de 2026.”