Emendas de Hugo Motta bancaram obras investigadas desde 2015

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) patrocinou emendas que bancaram obras investigadas pelo Ministério Público Federal sob suspeita de desvios em ao menos duas operações desde 2015.

Motta, após ser eleito presidente, atua para resolver o impasse sobre a liberação de emendas depois de o ministro Flávio Dino suspender pagamentos e cobrar mais transparência no repasse desse tipo de verba.

Enquanto atua nos bastidores, o presidente da Câmara tem o histórico de emendas que bancaram obras problemáticas e que desaguaram na delação de um empresário contra ele – nunca homologada pelo Supremo Tribunal Federal.

Em 2015, a operação Desumanidade, do MPF, investigou desvios na construção de 11 Unidades Básicas de Saúde (UBS), parte dos valores eram provenientes de emendas de Motta. Familiares do deputado, entre eles sua avó e sua mãe foram alvos.

O caso depois foi arquivado pela Justiça, mas sem que o STF analisasse a delação feita com um dos empresários investigados.

Dono da empresa Soconstrói, José Aloysio Machado da Costa Júnior resolveu delatar após ser alvo da operação e disse em depoimento gravado em vídeo que 20% dos valores desviados da construção das UBSs foram utilizados na campanha de Motta em 2014.

O acordo de delação de Costa Júnior foi enviado ao STF, mas nunca foi homologado. Com isso, Hugo Motta não foi formalmente investigado por causa dos relatos do empresário.

Anos depois, em setembro de 2024, uma nova obra custeada com emenda de Hugo Motta foi alvo de operação. Também nesse caso, Motta, até o momento, não é investigado.

Batizada de operação Outline, a ação da Polícia Federal, MPF e Controladoria-Geral da União mirou uma obra de restauração da Alça Sudeste e da Avenida Manoel Mota, em Patos (PB), no valor de R$ 5 milhões.

O dinheiro que custeou a obra saiu de uma emenda de 2020 enviada por Motta por meio de emenda do relator, o chamado orçamento secreto.

É esse tipo de emendas que está no centro do embate entre STF e o Congresso que agora Hugo Motta tenta resolver como presidente da Câmara.

O deputado não quis se manifestar.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.